Entrada do Facebook em bolsa sob investigação

O Nasdaq OMX Group está a ser processado por um investidor que alega que aquele índice tecnológico foi negligente com as acções do Facebook após a entrada em bolsa da rede social, causando perdas avultadas para os seus investidores.

23/05/2012 05:38

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Publico PT

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Phillip Goldberg, um residente do estado do Maryland, quer pôr em marcha uma ação coletiva em nome de todos os investidores que perderam dinheiro por causa dos atrasos do Nasdaq ou pela forma negligente como lidaram com a compra e venda das acções do Facebook no dia em que a empresa americana entrou em bolsa, na passada sexta-feira, dia 18.

Uma falha técnica atrasou a comercialização de ações do Facebook em cerca de meia hora e, posteriormente, causou atrasos em confirmações de pedidos de compra e venda.

De acordo com a Reuters, o director-executivo do Nasdaq, Robert Greifeld, indicou ontem aos investidores reunidos durante a tradicional reunião anual que “houve claramente erros na entrada em bolsa do Facebook”, mas insistiu que mais de 570 milhões de acções foram processadas no primeiro dia de trabalhos.

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A entrada do Facebook em bolsa tem suscitado uma imensa polémica, especialmente depois de ter sido noticiado pela Reuters que o banco que liderou a operação – o Morgan Stanley – cortou as estimativas de ganhos da empresa pouco antes da entrada em bolsa. A revisão em baixa foi comunicada apenas a alguns investidores.

Segundo fontes anónimas ouvidas pela agência noticiosa, o corte nas estimativas foi feito tanto em relação ao segundo trimestre deste ano, como aos lucros totais para 2012. E aconteceu em pleno período de apresentações aos potenciais investidores, nas semanas que antecederam a venda em bolsa.

Um dos papéis dos bancos envolvidos neste género de operações é apresentar as acções da empresa prestes a ser cotada como um bom investimento, pelo que o corte foi visto como uma situação muito atípica.

A revisão dos números apresentados pelo Morgan Stanley não foi tornada pública e a Reuters nota haver a possibilidade de ter sido comunicada apenas a um número reduzido de grandes investidores institucionais, que poderão ter perdido o interesse pelas acções, contribuindo assim para a decepcionante estreia no Nasdaq.

De acordo com a “Business Insider”, esta fuga de informação acerca de uma eventual prestação da rede social abaixo das expectativas dos investidores no segundo trimestre de 2012 terá tido origem na própria empresa, através de um executivo do Facebook que não foi identificado.

Esta informação acerca de um esperado abrandamento terá sido verbalmente comunicado a investidores institucionais que estavam a considerar a hipótese de comprarem acções do Facebook, mas não aos investidores mais pequenos.

Dependendo dos contornos exactos da questão, a comunicação selectiva poderá ser ilegal.

Cotação em queda

Graças a tudo isto, a cotação da empresa está em queda desde segunda-feira, após ter sido sustentada no dia de estreia precisamente por compras dos bancos que lideraram a operação.

No total, as acções do Facebook já perderam 18,42% do seu valor desde a entrada em bolsa naquela que tem sido descrita como uma estreia muito decepcionante.

O “Financial Times” noticia hoje que o banco Morgan Stanley foi intimado por causa de oferta pública de venda. Um regulador estatal de títulos de topo emitiu uma intimação contra o banco, no quadro de investigação.

O banco já fez saber que seguiu os mesmos procedimentos que segue para todas as outras operações semelhantes que decorrem em bolsa.

Os organismos de regulação norte-americanos SEC (Securities and Exchange Commission) e FINRA (Financial Industry Regulatory Authority) irão analisar este caso. 

Primeira Edição © 2011