Artesãos reclamam de abandono e pensam em desistir da arte

Depois que foram transferidos para a Praça Sinimbu, artesãos se sentem esquecidos; turistas não frequentam o local

27/01/2012 14:18

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Mylena Fernandes e Rone Barros - estagiários

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Os artesãos da Associação Guerreiros de Maceió resistem a diversos problemas para comercializar suas artes no Centro de Maceió. Localizado na Praça Visconde de Sinimbu, o local que deveria ser voltado ao turismo é compartilhado com integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Uma estrutura desqualificada, ausência de estacionamento e a falta de incentivo por parte dos governantes são os principais fatores que justificam a ausência de turistas na região.

Há 10 meses a equipe de reportagem do Primeira Edição esteve na feira do artesanato para registrar a realidade dos artesãos que denunciam esquecimento por parte da prefeitura, desde que foram removidos da orla da Praia da Avenida. Mas nada parece ter mudado. O que foi visto na tarde desta sexta-feira (27) foi a mesma situação. Nenhuma providência foi tomada para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, que precisam comercializar seus trabalhos para conseguir seu sustento.

Segundo Maria Aparecida Rossato, 50 anos, vice-presidente da Associação dos Artesãos Guerreiros de Maceió, que está há 1 ano e 3 meses no local, explica que 80% das barracas estão fechadas e cerca de 20 barracas ainda resistem aos problemas apontados.

“Nós continuamos com os mesmos problemas. Falta incentivo, não tem ônibus e nem uma reforma na praça, para que possamos recepcionar os turistas. Aqui é considerada uma área de risco, as empresas não querem trazer os turistas, não existem vagas para estacionar”, contou. Aparecida disse ainda que hoje conta apenas com apoio das pessoas da terra.

A artesã reclama principalmente da ausência de turistas na feira e aponta as dificuldades dos artesãos. “Turistas não passam por aqui. Muitos vêm trabalhar sem o dinheiro da passagem, outros vêm apenas com a passagem de ida, contando que vai vender alguma coisa e muitas vezes não vedemos. Nós nos ajudamos”, explicou.

A vice-presidente relaciona a falta de turistas no local ao medo que as pessoas têm de frequentar a praça. “O artesanato parece um cemitério, mas não vamos desistir. Alguém vai aparecer e entender o que significa o artesanato para Alagoas”, desabafou.

A vice-presidente ainda destacou a escassez de pessoas qualificadas para recepcionar os turistas.

Alda Taveiros, artesã de 71 anos, resiste há 1 ano produzindo seus artesanatos e comercializando no Guerreiros de Maceió. Diante das dificuldades a idosa pensa em desistir. “Estou pensando seriamente em desistir em fechar. Na alta temporada não vi movimento, pois, nós não temos nenhuma estrutura e nem incentivo. Já não tenho mas nem esperança”, ressaltou.  

Mais uma vez o Primeira Edição mostra a realidade dos trabalhadores esquecidos pelo poder público. A equipe de reportagem deve continuar acompanhando a situação dos artesãos do Guerreiros de Maceió, na tentativa de sensibilizar as autoridades sobre a importância de preservar a cultura local e valorizar os artistas da terra.

Supervisão: Thayanne Magalhães

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