O que é política externa e qual sua importância?

Você sabe o que é política externa? Entenda a importância dela para os interesses nacionais e a cooperação global

14/06/2023 10:48

A- A+

CNN Brasil

compartilhar:

No cenário global complexo de hoje, a política externa continua desempenhando um papel fundamental para os países em sua interação com outras nações.

É uma área que abrange uma ampla gama de estratégias, como ações e diplomacia que visam promover os interesses nacionais, ao mesmo tempo que enfrenta desafios globais em diferentes setores.

“A política externa refere-se a um conjunto de princípios, estratégias e ações empreendidas pelo governo de um país para interagir com outros países e atores internacionais. Abrange uma gama de atividades diplomáticas, econômicas, militares e culturais destinadas a salvaguardar e promover os interesses, valores e segurança de uma nação na arena global”, explica à CNN Regiane Nitsch Bressan, professora de relações internacionais da Unifesp.

Quem atua nessa área precisa ter habilidades diplomáticas, conhecimento dos contextos regionais e internacionais, análise estratégica e uma visão abrangente dos interesses nacionais.

A seguir, entenda melhor o tema.

O que é política externa?

A política externa é um conjunto de estratégias, ações e decisões adotadas por um país para gerenciar e conduzir suas relações com outras nações e organizações internacionais.

Segundo especialistas, seu objetivo é promover os interesses nacionais, proteger a segurança e o bem-estar da nação, além de buscar soluções pacíficas para os desafios globais.

Por meio dela, um país define suas prioridades, estabelece parcerias, participa de acordos internacionais e busca influenciar os acontecimentos no cenário mundial.

São vários temas envolvidos: diplomacia, comércio internacional, cooperação regional, segurança internacional, direitos humanos, meio ambiente e desenvolvimento.

Ela reflete os princípios, valores e interesses de uma nação em sua busca por um lugar no mundo e nas interações com outros atores internacionais.

Qual é a origem da política externa?

Não há uma resposta simples para essa pergunta, segundo analistas consultados pela CNN, pois a política externa é um fenômeno histórico e social que envolve diferentes ideias. Ou seja, a política externa não é atribuída a uma única pessoa ou entidade responsável por sua criação.

Ela é uma parte intrínseca do funcionamento de um Estado e evolui ao longo do tempo, adaptando-se às necessidades e circunstâncias do país.

A formulação da política externa costuma envolver a participação de diversos atores, incluindo líderes políticos, diplomatas, especialistas em relações internacionais, órgãos governamentais e consultores especializados.

Ainda pode se dizer que ela é moldada por uma combinação de aspectos, como a visão e os objetivos estratégicos de um governo, as mudanças no ambiente global, os interesses nacionais e as influências internas e externas que afetam as decisões de um país no cenário internacional.

Qual é a importância das políticas externas?

As políticas externas desempenham um papel crucial no mundo. Elas são essenciais para promover os interesses nacionais, garantir a segurança e o bem-estar de um país e moldar sua posição no cenário internacional.

É por meio delas que os países estabelecem relações diplomáticas, fortalecem parcerias estratégicas, participam de negociações comerciais, contribuem para a solução de desafios globais e exercem influência em questões de importância global.

“No geral, a política externa é uma ferramenta crucial para os países administrarem suas relações com outras nações, projetar sua influência, proteger seus interesses e contribuir para a estabilidade e cooperação globais”, afirma a professora Regiane Nitsch Bressan, da Unifesp.

Outros aspectos da sua importância, segundo os especialistas ouvidos pela CNN são:

  • Proteção de interesses econômicos: permitem que um país proteja seus interesses econômicos, amplie suas oportunidades de comércio e investimento, promova o desenvolvimento sustentável e busque a prosperidade;
  • Defesa da soberania: incentivam a garantia da segurança nacional e a prevenção de conflitos, através da busca de soluções pacíficas e da construção de alianças estratégicas;
  • Promoção dos direitos humanos: por meio de sua posição no cenário internacional, os países podem defender valores universais e contribuir para a proteção dos direitos fundamentais em diferentes partes do mundo;
  • Abordagem de desafios global: países podem se envolver em questões como as mudanças climáticas, a segurança cibernética, a luta contra o terrorismo e a gestão de crises humanitárias.

A cooperação internacional e a construção de consensos vão ajudar os países a trabalharem em conjunto para enfrentar esses desafios complexos que transcendem fronteiras.

Em resumo, as políticas externas são de vital importância para os países, permitindo-lhes navegar nas relações internacionais, defender seus interesses, promover valores fundamentais, além de abordar os desafios que afetam a humanidade como um todo.

Qual é a diferença entre política externa, diplomacia e relações internacionais?

Embora estejam associadas, os conceitos de política externa, diplomacia e relações internacionais são distintos.

Entenda melhor como, segundo especialistas em todas essas áreas ouvidos pela CNN.

A política externa, em primeiro lugar, como dito, refere-se às estratégias, decisões e ações adotadas por um país para gerenciar suas relações com outras nações e organizações internacionais.

Ela é voltada para a promoção dos interesses nacionais, a proteção da segurança e o estabelecimento de parcerias.

Diplomacia

Já a diplomacia é uma das ferramentas fundamentais da política externa. Ela envolve a comunicação e a negociação entre representantes de diferentes países para alcançar objetivos mútuos.

É ela que visa construir pontes, estabelecer acordos, resolver disputas e manter relações harmoniosas entre os países.

A diplomacia é conduzida por diplomatas profissionais, que representam o Estado em negociações, conferências internacionais e outros fóruns diplomáticos.

Além disso, inclui a prática de protocolos e rituais diplomáticos, como a troca de embaixadores e a assinatura de tratados.

Relações internacionais

Por outro lado, as relações internacionais são um campo acadêmico que estuda as interações entre os Estados, organizações internacionais e outros atores globais.

Ele abrange uma ampla gama de disciplinas, como política, economia, direito, história e sociologia, e busca compreender os padrões, processos e dinâmicas das relações internacionais.

As relações internacionais analisam os sistemas internacionais, as instituições globais, as teorias e as questões-chave que moldam o cenário mundial.

Também fornecem uma base teórica e analítica para a compreensão e o estudo da política externa, da diplomacia e dos assuntos internacionais de forma mais ampla.

Em resumo: a política externa é a estratégia e ação de um país em relação às suas relações com outros países.

A diplomacia é o processo de comunicação e negociação entre os países para alcançar objetivos comuns.

E as relações internacionais é o campo acadêmico que estuda as interações globais, incluindo a política externa e a diplomacia, além de outros aspectos das relações internacionais.

Como a política externa influencia a economia?

A política externa desempenha um papel significativo na influência da economia de um país. Por meio de suas relações diplomáticas, acordos comerciais e decisões estratégicas, os governos podem impactar diretamente o desempenho econômico nacional e mundial também.

Veja algumas formas:

  • Negociações comerciais: por meio de acordos comerciais e negociações bilaterais ou multilaterais, a política externa pode facilitar o comércio internacional, reduzir barreiras tarifárias e não tarifárias, e abrir novos mercados para as exportações do país;
  • Políticas de investimento: a política externa desempenha um papel crucial na atração de investimentos estrangeiros diretos (IED). Ao estabelecer um ambiente favorável para o investimento, como a criação de leis e regulamentos adequados e estabilidade política, os governos podem incentivar empresas estrangeiras a investir no país;
  • Sanções econômicas: podem incluir restrições comerciais, proibição de investimentos ou congelamento de ativos. Isso pode ter impactos significativos na economia tanto do país sancionado quanto do país que as impõe, afetando o comércio, os fluxos financeiros e os investimentos;
  • Cooperação econômica regional: por meio da participação em organizações econômicas regionais, como acordos de livre comércio ou uniões aduaneiras, os países podem fortalecer sua posição na economia global. Essas iniciativas de cooperação podem promover a integração econômica e facilitar o acesso a mercados maiores;
  • Promoção de políticas econômicas externas: os governos podem buscar influenciar políticas econômicas em nível internacional, defendendo seus interesses em organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Como funciona a política externa brasileira?

política externa do brasil

Pollítica externa do Brasil / Imagem: Shutterstock | Sputnik 360

política externa brasileira define as ações e os objetivos do Brasil no cenário internacional, de acordo com seus interesses e valores nacionais. O Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, é responsável, junto com o Poder Legislativo, por executar a política externa.

Sendo assim, ela depende da formulação e da execução da política externa pelo Poder Executivo federal, especialmente pelo ministério e pelo presidente da República, que são os principais atores responsáveis por planejar e conduzir as ações diplomáticas do país.

Do ponto de vista histórico, o Brasil é reconhecido internacionalmente pela sua forte tradição diplomática.

“A política externa brasileira visa perseguir seus interesses nacionais, promover a estabilidade regional e estabelecer parcerias no cenário global. É caracterizada por um compromisso com o multilateralismo, a integração regional, a diplomacia econômica e as preocupações ambientais”, resume à CNN Regiane Bressan, da Unifesp.

Em relação ao multilateralismo, “o Brasil coloca uma forte ênfase na participação em organizações internacionais e na formação da governança global. Ela se envolve ativamente com as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e outros fóruns multilaterais para defender questões como desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e direitos humanos”, continua.

A política externa brasileira também valoriza a cooperação com países em desenvolvimento, principalmente por meio da diplomacia Sul-Sul.

O Brasil busca fortalecer os laços com nações da América Latina, África, Ásia e do Oriente Médio, além de mediar conflitos, como recentemente tem tentado entre Rússia e Ucrânia.

7 exemplos de ações de política externa

A política externa é um conjunto de medidas, decisões e programas utilizados pelo governo de um país para projetar e direcionar suas ações políticas no exterior, de acordo com seus interesses e objetivos. Mas o que isso significa na prática?

Alguns exemplos de ações de política externa são:

  • Estabelecer acordos comerciais com outros países ou blocos regionais, visando aumentar as exportações, reduzir tarifas ou diversificar os mercados;
  • Participar de organizações e fóruns internacionais, como a ONU, o G20 ou o Brics, buscando ampliar a influência e a cooperação em temas globais;
  • Apoiar ou condenar iniciativas de outros países que afetem a paz, a segurança ou os direitos humanos no mundo, expressando posições diplomáticas ou adotando sanções;
  • Promover a cultura, a língua e os valores nacionais no exterior, por meio de programas educacionais, culturais ou de comunicação;
  • Defender a soberania e a integridade territorial do país, por meio de negociações pacíficas ou do uso da força em casos extremos;
  • Desenvolver projetos de cooperação para o desenvolvimento com países parceiros, oferecendo assistência técnica, financeira ou humanitária;
  • Articular agendas de cooperação com entidades subnacionais ou não governamentais, como estados, municípios, empresas ou ONGs, desde que obtenham a chancela normativa de um ator primário da política externa.

Primeira Edição © 2011