Violência deu ao candidato Bolsonaro o que o 'sistema legal' lhe havia negado

10/09/2018 19:53

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Romero Vieira Belo

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A faca que penetrou a barriga de Jair Bolsonaro não feriu, apenas, o candidato à Presidência da República. Ela atingiu em cheio o coração da Democracia brasileira, que tem na soberania do voto e na independência dos candidatos seus grandes fundamentos.

Junto com Bolsonaro, esfaqueado no meio da multidão que o aplaudia em Juiz de Fora, foram agredidos milhões de brasileiros que acreditam na democracia como fonte de liberdade e que veem o processo eleitoral como único caminho – isento e pacífico – capaz de conduzir o Brasil a uma situação de dias melhores.

A violência é fruto da insanidade, mas é tempo – como no caso de Bolsonaro – produto da intolerância que deve merecer, sempre, a repulsa dos que lutam pelo estado de direito democrático.

O ato perpetrado – o atentado contra a vida de Bolsonaro – é tão grave quanto o motivo eu lhe deu origem. Ao tentar excluir da disputa eleitoral um candidato legítimo (importando menos, aqui, sua liderança atestada por pesquisas), o agente da sandice se insurgiu contra a Democracia, porque quis, por método vil e odioso, impedir que milhões de brasileiros nele votassem.

De outro ângulo, o militante criminoso não agiu apenas para tirar a vida de Jair Bolsonaro, mas, também, para frustrar a vontade de milhões de brasileiros que, nas pesquisas de intenção de voto, manifestam o desejo de conduzi-lo à Presidência da República.

O episódio, ainda por outro lado, escancara um problema crucial vivido pelo Brasil dos dias atuais: o avanço incontido da violência criminal, um problema que até agora não foi – como deveria – enfrentado com a devida seriedade nas últimas décadas.

Talvez – e é lamentável que seja assim – o atentado ao candidato Bolsonaro sirva para alertar todos os que estão envolvidos com a definição do futuro nacional, para que se voltem, com a gravidade devida, à questão da violência que a todos ameaça.

A violência, esse tipo de violência, aliás, é também filha legítima da burrice e da ignorância. Pois, com invertida intenção, o agressor deu ao deputado Bolsonaro o que o sistema legal lhe havia negado: tempo na televisão para a campanha eleitoral.

Primeira Edição © 2011