Democracia fragilizada
Hugo Taques
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Quem passou pela orla da Ponta Verde ao meio dia deste domingo, (01/10), deve ter visto meia dúzia de manifestantes democraticamente invocando uma intervenção militar no Brasil, a princípio estranhei, fiquei incomodado, vendo inclusive muitos simpatizantes que passavam em luxuosos veículos, fazendo buzinaço em apoio aos militantes, mas em seguida e com serenidade lembrei que a Democracia permite todos e quaisquer atos de manifestações, inclusive contra ela própria, essa é indelevelmente a sua força e razão de tantas lutas para sua manutenção. Portanto, nada de estranho ou errado no ato da orla de Maceió mas, talvez, equivocado se se puxarmos nossa memória para a recente história política do pais onde o mesmo regime que está sendo clamado, por alguns desavisados, ditava as ordens, sendo desnecessário relatar aqui seus princípios. O que há de se preocupar e isso sim é grave e deve merecer toda atenção é o quadro geral que a democracia brasileira está passando. Para que vozes se levantem contra ela, que grupos se organizem para combate-la é porque está enfraquecida. Se as instituições e poderes responsáveis por zelar pelos seus princípios estão esfrangalhados, enterrados na lama do descrédito e do desrespeito, com toda certeza o processo democrático não se sustentará, suas bases serão corroídas e poderão ser preenchidas por modelos políticos e econômicos oportunistas, autoritários e ultrapassados. É preciso combatê-los, não com o fuzil, pistolas ou bombas, mas com a maior e mais eficiente arma: O voto!
Nossa esperança, ainda que remota, é que está em curso no judiciário, mesmo ele também sendo vítima das próprias ações que combate, um processo de depuração ética e moral das instituições e que deve ser defendido por toda sociedade como forma de garantir a legitimidade da ordem democrática no pais. Paralelamente deveriam haver outras ações de iniciativa popular para banir, (isso mesmo, é a única forma) do cenário político, os “nossos representantes" envolvidos em ilícitos.
É possível que movimentos de extrema direita, ganhem espaço e voz junto à população de insatisfeitos se não houver uma mudança de curso no cenário político nacional. É inaceitável diariamente assistirmos inertes, impotentes, às atitudes de parlamentares criando leis para se protegerem, para garantir a continuidade da corrupção, da impunidade e livrar criminosos da cadeia. Tem até deputado propondo projeto de lei para punir quem falar mal de políticos na internet, e olhe que do jeito que está a vergonhosa e imoral situação do congresso, um projeto como esse possa ser aprovado e virar lei...seria o fim.
Mas ficam algumas perguntas no ar: - Será que uma intervenção militar poderia por um basta ao caos institucional instaurado? Será que esse pequeno grupo tem razão em sua reinvindicação, por não mais acreditar no restabelecimento da ordem política que assolou o pais, chegando a níveis insuportáveis de aceitação? É para refletir, mas saiba que a nossa Constituição estabelece claramente que “...as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, se destinam à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem...”, em sendo simples assim, às vezes até da vontade e medo de acreditar que uma intervenção seria necessária, que pois estariam nos defendendo e protegendo a nação dessa guerra desleal, imoral, imunda, travada contra esses bandidos disfarçados de políticos. Mas, definitivamente, NÃO! Ditadura, intervenção militar, regime militar, regime de exceção, nunca mais, não deu certo e não dará outra vez, não tenho dúvidas!
Hugo Taques – Historiador, blogueiro, fotógrafo e colaborador neste portal
Primeira Edição © 2011