Crianças resgatam o desejo por mudanças em grotas

28/05/2017 10:05

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Agência Alagoas

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Eles viveram seus primeiros anos de vida em meio a muita lama, andando por ruas de barro, e subindo e descendo escadarias improvisadas. As crianças que moram nas grotas de Maceió, desde muito cedo tiveram de enfrentar desafios diários ligados à mobilidade urbana, seja na ida à escola ou durante as brincadeiras. Mas uma nova realidade tem sido construída a partir das ações promovidas pelo programa Pequenas Obras, Grandes Mudanças nas comunidades, e agora os pequenos vislumbram um futuro diferente.

De lá das grotas do Pau D’Arco e Divaldo Franco, meninos e meninas ganham voz e ela é refletida em cada transformação, desde melhorias de mobilidade urbana até a construção de novos equipamentos de lazer.

Com um espaço cheio de britas e falta de cuidados, a quadra de esporte era um dos lugares mais deteriorados da grota. Habituado com as más condições, qualquer brincadeira no cotidiano do estudante Pedro Henrique Silva, de nove anos, quase sempre vinha acompanhada de arranhões, machucados, além de braços e pernas ralados.

“Antes a quadra era de pedra, brita mesmo, então arranhava muito quando a gente ia brincar. Fora que nem tinha rede na trave, nem dava para saber direito quando alguém fazia gol. O pior é que a bola sempre ficava caindo para fora da quadra porque não tinha proteção nenhuma e já nesse caminho pra ir buscar um de nós se machucava quase toda vez”, conta Pedro Henrique Silva.

Junto com a quadra de esportes, todos os espaços que garantem a mobilidade urbana da grota foram revitalizados. A mudança veio da ideia de resgatar a dignidade de vida dos moradores das comunidades mais carentes da capital alagoana, por meio do programa Pequenas Obras, Grandes Mudanças, coordenado pela Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand).

Quem entra e sai agora das grotas do Pau D’Arco e Divaldo Franco, no conjunto José da Silva Peixoto, no bairro do Jacitinho se depara com a perspectiva de um recomeço. Pelo olhar sensível e cheio de detalhes de Amanda Lima, de nove anos, e outras milhares de crianças da comunidade, a implantação de 22 novas escadarias, mais de três mil m² de passeio, 1.327 metros lineares de corrimão chega carregada de novas possibilidades.

“Nunca imaginei que isso fosse acontecer aqui com a gente. Mudou tudo. Eu ficava caindo direto, ralava joelho mesmo e teve amiga que até quebrou o queixo pelas condições que a gente tinha aqui. E não só pra brincar, a gente chegava a subir isso tudo para ir para escola e no meio do caminho escorregava e não tinha jeito né? ia todo suja mesmo”, conta Amanda Lima.

Diminuir distâncias

Mais do que um espaço de convivência, os equipamentos urbanos atuam como uma espécie de refúgio para as rotinas estressantes dos idosos e adultos, e com as crianças não é diferente. É com este objetivo, que o Estado, por meio do Pequenas Obras, Grandes Mudanças, tem apostado no resgate da mobilidade urbana investindo em estrutura adequada e ambientes de lazer e convívio para as comunidades mais carentes, como explica a gerente de Gestão Social da Setrand, Aline Barros.

“São nesses espaços que as crianças criam laços e também adquirem valores de respeito ao meio ambiente e ao direito do outros. Justamente neste ambientes que diminuímos distâncias entre os diferentes grupos existentes nas comunidades, vencendo barreiras de preconceito de maneira orgânica e às vezes até inconsciente”, ressalta a gerente de Gestão Social.

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