Ansa
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A Procuradoria de Roma irá julgar cinco policiais envolvidos na morte de Stefano Cucchi, ocorrida em 22 de outubro de 2009, informou a entidade nesta terça-feira (14).
Os carabinieros Alessio Di Bernardo, Raffaele D’Alessandro e Francesco Tedesco serão julgados por homicídio preterintencional – quando há dolo na ação, mas ela resulta mais grave do que o esperado – e por abuso de autoridade por ter submetido Cucchi “a medidas de rigor não permitidas pela lei”.
Já Roberto Mandolini, comandante interino da delegacia Roma Appia – onde os três policiais trabalhavam à época – foi indiciado por crimes de calúnia e falso testemunho. O militar Vincenzo Nicolardi – além de Tedesco – será julgado por calúnia.
O caso ocorrido em 2009 já teve diversas batalhas jurídicas e colocou o trabalho da Polícia em xeque.
Em 15 de outubro de 2009, Cucchi foi flagrado em Roma com 20 gramas de haxixe e foi detido pelos carabineiros, que o levaram para a penitenciária de Regina Coeli. Sete dias após sua prisão, no entanto, o italiano morreu no hospital Sandro Pertini, para onde foi levado pelos agentes após passar mal no presídio.
A autópsia, cujo resultado foi divulgado meses mais tarde, revelou que o geômetra, que tinha 31 anos e 1,76m de altura, pesava 37 kg quando faleceu, indicando um estado de desnutrição.
Nas semanas seguintes, circularam notícias de que Cucchi era viciado em drogas, soropositivo e anoréxico, e tentou-se atribuir a morte a suas “frágeis” condições de saúde. Porém, foi descoberto que o rapaz estava repleto de hematomas pelo corpo, incluindo na região dos olhos, e que a família foi impedida de fazer visitas ao homem enquanto ele estava hospitalizado.
Por causa disso, houve um primeiro julgamento sobre o caso. Seis médicos e três enfermeiros foram acusados de abandono de incapaz, e três membros da Polícia Penitenciária, de lesões agravadas e abuso de autoridade. A denúncia apontava que os carcereiros haviam usado força excessiva contra a vítima e que os agentes de saúde tinham-no deixado morrer de fome. Todos acabaram absolvidos por falta de provas. Porém, em dezembro de 2015, a Procuradoria de Roma abriu uma nova investigação sobre a morte, que incluiu a reconstituição da prisão e do tempo que o italiano ficou na cadeia.
Com a nova autópsia, constatou-se que a vítima tinha fraturas na vértebra, inchaços e hematomas no rosto, hemorragia na pélvis e escoriações nas pernas. Para a Procuradoria, a conduta “omissa” dos médicos que cuidavam de Cucchi também contribuiu para o falecimento.
Primeira Edição © 2011