Professora enfrenta colegas em greve e dá aulas embaixo de árvore

Caracterizada de ‘Ninfa Grega’ educadora é criticada pela direção da escola que a acusa de causar mal-estar

17/08/2015 11:53

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Redação

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A greve dos professores da Rede Estadual de ensino em Alagoas, que tem deixado escolas fechadas e alunos sem aula, inspirou uma atitude inédita da professora Luana Macedo de Melo, da disciplina de Artes, da Escola Eunice de Lemos Campos, localizada no Complexo Benedito Bentes, parte alta de Maceió.

Decidida a não prejudicar seus alunos, que devido à greve, estão com o ano letivo ameaçado, a professora não participa da greve dos colegas e dá as aulas, para não prejudicar o calendário escolar, embaixo de uma arvore, do lado de fora da escola.

Recém-concursada, Luana, que dá aula caracterizada de ‘Ninfa Grega’, já chegou a aplicar uma prova para os alunos, que não tem faltado as suas aulas, apesar de não terem onde sentar ou outra qualquer mínima estrutura de uma escola.

Segundo a professora durante quatro vezes tentou negociar com a direção para que abrissem a escola para que ele tivesse a oportunidade de seguir com as aulas, mas sempre que chegada a unidade encontrava os portões fechados.

Para poder montar a sala de aula improvisada a educadora adaptou um transformador na bateria de um carro e pendurou um quadro em uma árvore. Sobre se caracterizar de “Ninfa Grega”, Luanda explica que sempre se vestiu de personagens para que seus alunos entendessem melhor o conteúdo de seus assuntos.

Mesmo afirmando que não deseja se expor, Luana, que defende o direito do aprendizado, se mostra crítica da atual política salarial defendida pelo Governo para os servidores da Educação.

"Eu escolhi ser professora, apesar do salário vergonhoso. Não tenho o direito de prejudicar quem não tem culpa de nada disso, os alunos, que, em sua maioria, ainda nem votam", disse ela ao interromper uma de suas aulas para atender os jornalistas que a procuraram.

Luana confirmou que esteve na última terça-feira, (11), na sede da Secretaria Estadual da Educação, (SEE), onde após ser recebida pelo secretário Luciano Barbosa, (PMDB), que teria ficado surpreso com sua determinação em dar aulas mesmo que fosse embaixo de uma árvore, protocolou um pedido de abertura da escola onde está lotada com o propósito de manter suas aulas.

Perguntada se já assinou sua ficha no Sindicato dos Trabalhadores da Educação, (Sinteal), a educadora disse que não tem nenhuma intenção para isto, acrescentando que também não pensa em ser candidata a nada, como já foi vinculado.

Procurado, o diretor da escola, professor Maurício Soares Gonçalves, diz que atitude da professora é um ato isolado, admitindo que ainda assim tem causado um mal-estar entre os colegas, acusando Luana de se posicionar contra a direção.

Maurício acrescentou que a situação deve ser resolvida a qualquer momento, confirmando o encontro da educadora com o secretário da Educação.

O diretor não respondeu as acusações de alguns alunos que o denunciaram de perseguição e negligência por parte de alguns monitores da Eunice de Lemos Campos. O diretor só confirmou que a escola está sem porteiros e merendeiras em razão da greve que dura há várias semanas.

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