Zé Roberto pede para esquecerem sua idade

25/12/2014 08:49

A- A+

Globoespoerte.com

compartilhar:

Os 40 anos de idade não são um peso para Zé Roberto. Nas palavras do principal reforço do Palmeiras até agora para 2015, os melhores momentos da carreira foram vividos justamente depois dos 30. Foi nesse período em que ele disputou uma Copa do Mundo, teve sua segunda passagem pelo Bayern de Munique, abdicou das convocações para a Seleção, à época também comandada por Dunga, e atuou duas vezes no Brasil, por Santos e Grêmio.

Prova de que o tempo não é um incômodo é que Zé sequer faz uma projeção de quando vai pendurar as chuteiras. Com o desafio de ajudar na reconstrução do Palmeiras, ele assume a responsabilidade de ser protagonista ao lado de Valdivia e revela os segredos da longevidade.

De férias em São Sebastião, cidade do litoral norte fortemente afetada pelas chuvas em São Paulo, ele não vai ficar parado. O jogador receberá a ajuda de um preparador físico alemão que trabalhou com ele no Bayern de Munique. 

O veterano é a sexta contratação do Palmeiras para 2015. Antes dele, o clube havia acertado com o zagueiro Vitor Hugo e o volante Andrei Girotto, ambos do América-MG, o também volante Amaral, do Goiás, o lateral-direito Lucas, ex-Botafogo, e o atacante Leandro, da Chapecoense.
 

Confira a entrevista exclusiva com Zé Roberto:

O que você vai fazer nas férias para manter o condicionamento físico?

O mesmo de sempre. Eu corro e faço musculação para me manter bem. Nada com muita intensidade, porque a pré-temporada exige muito, mas para chegar bem e não sofrer tanto.

Você tem a ajuda de alguém nessa preparação?

Tenho um amigo alemão preparador físico que vem me acompanhar durante as férias. É o Jürher. Ele vai vir (a São Sebastião) na próxima semana e nesse período faremos exercícios funcionais, para lombar e abdômen. São regiões que preciso manter fortalecidas. Me ajudam a evitar lesões e me deixam equilibrado. Nos conhecemos na época em que trabalhamos juntos no Bayern (de Munique), de 2007 a 2008. Quando eu saí ele também estava saindo e começamos a fazer esse trabalho sempre nas férias. No Hamburgo, no Catar e no Grêmio. Faço nas férias ou na primeira fase dos campeonatos, quando não há duas partidas por semana.
 

Então, ele é um dos segredos para a sua longevidade?

Com certeza. Me lembro que desde que comecei esse trabalho com ele a cada ano que passa fico mais surpreendido com a minha performance. Mantenho a parte aeróbica com corrida e fortalecimento muscular. Procuro sempre ter uma academia perto de onde estou. Esses requisitos são o segredo da minha longevidade. Nas férias sempre treino e isso me ajudou a não ter lesões graves na carreira. Sempre cuidei do meu corpo. Quando percebi que ele era o meu instrumento de trabalho, passei a cuidar com alimentação e repouso, dormindo sempre de oito a nove horas. Aos 40 anos, posso dizer com segurança que não sei quando vou parar. Normalmente há uma projeção, mas eu não tenho.

Por que diz isso?

Com 33 anos voltei ao Brasil para jogar no Santos. Foram dez meses entre 2006 e 2007. Diziam que estava voltando com uma idade avançada. Infelizmente faz parte da nossa cultura no Brasil dizer que acima dos 30 anos o jogador está velho. Voltei também quebrando um tabu. Parece que a partir dos 30 anos passei a viver os melhores momentos da carreira. Fui campeão Paulista, considerado o melhor jogador do campeonato e chegamos a semifinal da Libertadores. No fim do ano recebi um prêmio como melhor jogador da atualidade no Brasil. Depois o Dunga me convocou para a Seleção e recebi uma proposta de dois anos para jogar no Bayern. Pedi dispensa, porque seria muito jogar pela Seleção e na Europa. Optei por não jogar mais pela Seleção e só pelo Bayern.
 

Você se arrepende dessa decisão?

Não, porque meu tempo já tinha passado e a seleção precisava de uma reformulação, iria dar oportunidade aos mais jovens. Percebi que meu ciclo havia acabado, embora ainda tivesse muito futebol para dar a Seleção. Tanto que fui convocado. Depois do Bayern fui para o Hamburgo, joguei mais um ano no Catar e dois anos e meio no Grêmio, onde ganhei outro prêmio como melhor lateral-esquerdo, aos 40 anos. Com uma trajetória dessas é difícil falar quando eu vou parar. Essa fase dos 30 aos 40 anos foi a melhor da minha vida. E agora tenho um novo desafio: jogar no Palmeiras, um clube grande. No fim do ano eu decido o que faço.

No Palmeiras você vai preferir jogar como lateral ou meia?

Como o Oswaldo me conhece muito bem, apesar de não ter trabalhado com ele, posso jogar nas duas. Não tenho dificuldades. A lateral exige mais, porque precisa apoiar e marcar, mas não tenho preferência. Joguei em várias posições: volante, segundo volante, meia de ligação... onde me colocar eu jogo. Faço o que eu gosto, então estou feliz.
 

Aos 40 anos, tem alguma meta de jogos para a temporada? 

Quero jogar o máximo possível. Claro que como o calendário do Brasil exige muito não dá para jogar todas, porque tem viagem, Copa do Brasil, Paulistão e Brasileiro. Às vezes, com a comissão técnica decidimos tirar de um ou outro jogo, mas quero atuar sempre (Nota da Redação: Zé Roberto fez 44 partidas em 2014, pelo Grêmio).

Na Alemanha você jogou em estádios modernos, e agora terá a oportunidade atuar na nova casa do Palmeiras. Conhece algo?

Não, mas o que me passaram foi que ficou muito bonito e aconchegante para o torcedor. Espero que traga alegria. Joguei na Allianz Arena, que não chega a ter uma acústica com o estádio cheio que faça pressão no adversário. A do Grêmio também, mas a do Palmeiras, mesmo sendo menor, com capacidade para 45 mil pessoas, traz uma atmosfera diferente da dos outros estádios. Essa é a minha percepção e acho que será um componente importante para o nosso sucesso.
 

Você se considera o melhor presente de natal para a torcida do Palmeiras?

Se agregar tudo o que conversamos, com certeza. Encontrar um jogador que chega agregando tudo isso no mercado será difícil, modéstia à parte. Mas não me considero o principal reforço. Espero que cheguem outros. Pelo que foi passado para mim vão chegar outros jogadores para o Palmeiras ter um time competitivo. Estou indo jogar no Palmeiras porque é um clube grande, mas só a grandeza não adianta. Precisa voltar a pensar grande, para também alcançar os objetivos da temporada. Posso ver que voltou a pensar grande, contratando um técnico como o Oswaldo, que tem muita bagagem. Eles me mostraram um projeto interessante, com jogadores que chegaram e que também devem chegar para nos ajudar a fazer o Palmeiras voltar a ser grande da forma que é.

Nessa época de natal, há quem diga que você será o "bom velhinho" do Palmeiras. Concorda?

Não gosto dessa expressão, porque falam de jogadores veteranos. Aos 40, se me comparar com jogadores de 20 e poucos anos dá para juntar uns quarto para sair um. O 40 é só um número. Não sinto o peso dele.

Você assume, ao lado do Valdivia, a responsabilidade de ser protagonista?

Sim, com certeza. Responsabilidade e cobrança sempre existiu. No Palmeiras não será diferente. No Santos, Grêmio, nos clubes grandes e na Seleção foi assim também. Estou calejado. Chego para agregar junto com outros que precisam e vão assumir essa responsabilidade, com a certeza de que com mais reforços tudo vai dar certo.

 

 

 

 

Primeira Edição © 2011