A crítica à lentidão na busca por reforços não foi muito bem digerida pela diretoria do São Paulo, mas Muricy Ramalho voltou a fazê-la, desta vez respaldado pelo capitão Rogério Ceni. Na opinião do treinador, se o clube não fizer contratações, principalmente depois da saída de Kaká, a equipe não poderá sonhar com a Copa Libertadores, para a qual conquistou vaga direta graças ao empate de domingo, no Morumbi.

"Às vezes, eu sou um pouco chato, mas sei o que é isso. As pessoas não gostam muito, mas é o jeito que tem que ser. Em grandes empresas, você tem que discutir, porque é assim que grandes empresas se formam. Dá só com isso? Não dá. A gente tem que ser realista. Tem que caprichar muito nesta reta final de ano", disse, depois do 1 a 1 com o Figueirense.

Rogério Ceni, de contrato recém-renovado justamente para disputar o torneio, concorda. "Precisa melhorar. Todos nós precisamos evoluir como conjunto. A gente sabe que a situação financeira não é favorável, existem dificuldades na maioria dos clubes do Brasil. Mas, dentro das possibilidades que a gente tem, existem jogadores que podem ser úteis. Não necessariamente jogadores caros", falou o goleiro, citando o exemplo do volante Hudson, contratado após atuar pelo Botafogo no Campeonato Paulista.

A principal reclamação da comissão técnica é de que o elenco é reduzido em comparação com o do Cruzeiro, por exemplo, e não suporta a disputa de mais de uma competição ao mesmo tempo. Mas Muricy avisa que não aceitará qualquer nome. O comandante quer reforços que cheguem para jogar, como foram Alan Kardec e Michel Bastos, por exemplo.

"Não dá para trazer jogador mais ou menos, porque essa camisa é muito pesada. Tem que trazer jogador que suporta o peso dela. Queremos jogador que veste a camisa, que gosta de estar aqui. Temos que melhorar, senão não temos chance", frisou Muricy, que fazia aniversário de 59 anos no domingo e esteve de bom humor até a última pergunta da entrevista coletiva. Ao ser questionado se sabia (ou se poderia dizer, na realidade) quais posições exigem melhora, ele perdeu a paciência.

"Sou o técnico, né? Como não vou saber? É claro que eu sei. Se eu não souber, o que estou fazendo aqui?", respondeu. "Mas é claro que não vou discutir aqui, não é interessante".