Dengue se alastra como epidemia e exige campanha de conscientização

Famílias precisam ser alertadas e convocadas a ajudar nmo combate à proliferação do mosquito transmissor

11/08/2014 06:28

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Jornal Primeira Edição

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Com avanço de 187,64% registrado em julho, em comparação à incidência registrada no mesmo período do ano passado, a dengue parece fora de controle em Alagoas, o que exige, além das medidas preventivas e de combate à doença, uma ampla campanha de conscientização da população.

A própria Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) entende que, sem a participação da sociedade – de cuja cooperação dependem, diretamente, as ações para impedir a proliferação do mosquito transmissor – será muito difícil conter o avanço dos casos.

Dados divulgados pela Sesau na quarta-feira (6) revelam que até o momento foram registrados 256 casos com 'sinais de alarme e complicações', contra 89 ocorridos nesse período no ano passado, sendo que uma morte acaba de ser confirmada.

Segundo a Secretaria, outros sete casos de manifestação mais grave da doença estão sendo investigadas enquanto seis foram descartados. As suspeitas foram registradas nas cidades de Junqueiro, Maceió, Murici, Piranhas, Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos e Satuba, embora nenhum dos municípios esteja em situação de alerta - exceto Coité do Nóia, Coqueiro Seco, São Sebastião e Satuba.

Enquanto isso, o munícipio de Penedo é o que mais preocupa, justamente porque há registro de epidemia na cidade, com taxa de incidência maior que 300 casos por 100 mil habitantes.

Em relação ao Índice de Infestação predial (quantidade de imóveis onde se encontram larvas do mosquito), em Penedo, 47 estão em situação de risco, ainda conforme dados da Sesau.

O órgão estadual informa que até a última segunda-feira (4) 9.763 registros suspeitos foram notificados em todo o Estado, com 5.244 confirmados. Mesmo com a grande quantidade de casos graves, o número total é 3,34% menor que o registrado em 2013.

“Quadro da dengue tende a se agravar”

A diretora de Vigilância Epidemiológica do Estado, Cleide Moreira, afirma que o avanço da dengue em Alagoas já era esperado por se tratar de uma doença que tende a se agravar a cada ano. “Como a população já adoeceu nos anos anteriores, o risco de infecções subsequentes é bem maior. Uma mesma pessoa pode ter dengue até quatro vezes, sendo que aumentam as chances do quadro se agravar”, diz Moreira.

A diretora salienta que a prevenção da dengue só acontece quando o poder público e sociedade desempenham seus papéis. “Cabe à população também fazer a sua parte: combatendo os focos de acúmulo de água. O governo do Estado é responsável por fazer a vigilância epidemiológica, fornecendo e analisando os dados para que os municípios cumpram o papel de eliminar – em parceria com os moradores – os criadouros do mosquito”, diz Cleide Moreira.

“O combate à dengue é um dever de todos e um esforço conjunto. Quando apenas um desempenha o seu papel, não conseguimos atingir os objetivos. As pessoas precisam ter consciência disso, para que a população pare de adoecer”, alerta a diretora de Vigilância Epidemiológica. Além da supervisão dos dados nos municípios, o Governo do Estado vem capacitando ao longo dos anos os profissionais de saúde e os agentes de controle de endemias dentro do que é preconizado pelo Ministério da Saúde.

Também é de responsabilidade do Estado a circulação dos famosos carros fumacê. Mas, de acordo com Cleide Moreira, a utilização deste veículo só é indicada em situação de epidemia, pois esta não é a melhor maneira de combater o mosquito, já que o veneno só mata o transmissor adulto. “Alagoas possui dez carros fumacê, mas eles só são usados em localidades onde há alto índice de infestação do mosquito”, informa a diretora.

SINTOMAS

Entre os sintomas da dengue clássica estão febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores no corpo, náuseas, vômito e perda do apetite. Já a dengue grave, ou dengue hemorrágica, possui os mesmos sinais da dengue comum, mas a grande diferença é que o doente sofre alterações na coagulação sanguínea e surgem sangramentos graves, choque e comprometimentos de órgãos.

Para o quadro de dengue não se agravar, Cleide Moreira alerta que é o doente precisar tomar de 4 a 5 litros de água por dia assim que apresentar febre e desconfiar da doença, além de procurar uma Unidade Básica de Saúde.

“É importante tomar muito líquido para evitar a forma mais grave da doença, onde o quadro clínico se agrava rapidamente. Os casos mais graves necessitam sempre de avaliação médica de modo que uma unidade de saúde deve sempre ser procurada pelo paciente”, explica ainda Cleide Moreira. 

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