Igreja Nova decreta estado de emergência por causa da seca

06/05/2013 12:16

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Divulgação

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A maior estiagem dos últimos 50 anos no Nordeste brasileiro também gerou prejuízos em Igreja Nova, problema que atinge principalmente famílias de agricultores de baixa renda. Sem recursos para alimentar o gado, pequenos produtores acompanham a morte lenta dos animais, perda que marca o início de mais uma etapa de dificuldades financeiras, apesar do início tardio do período de chuvas.

Para evitar o acúmulo de mais dívidas para os trabalhadores rurais com as instituições que financiam atividades agropecuárias, a Prefeitura de Igreja Nova decretou situação de emergência por causa da seca, ato publicado no Diário Oficial de Alagoas desta segunda-feira, 06 de maio. A iniciativa permite a renegociação dos débitos e ainda a busca do apoio disponibilizado pelos governos estadual e federal para o município que reduziu sua capacidade deproduzir leite de gado em cerca de 80%, conforme levantamento feito pela
Secretaria Municipal de Agricultura.

Escassez de alimentos

Técnicos da pasta visitaram povoados e coletaram depoimentos nas duas últimas semanas de abril, trabalho que fundamentou o decreto de emergência. Das 43 comunidades rurais de Igreja Nova, 33 estavam assoladas pela escassez de alimentos, com o registro de 327 óbitos de animais, entre bovinos e equinos, número que certamente é maior por conta dos casos que não foram informados ou que ainda não haviam sido registrados pelos proprietários.

Somente no Povoado Jenipapo foram registrados 55 óbitos, enquanto que no
Olho d’Água do Taboado 30 animais morreram de fome.

Ainda de acordo com o levantamento, as perdas ocorreram inclusive no Distrito Boacica e áreas próximas do perímetro irrigado que abrange onze comunidades, locais onde o índice de mortalidade dos animais registrou média semelhante a dos povoados situados em áreas mais ‘secas’. Sem pasto e sem água, agricultores do povoado Capim Grosso – situado em área distante do Bocacica – tentam alimentar o rebanho com palhas de bananeira, folhas de
mangueira, palha de coqueiros ou laranja seca, conforme relatos colhidos na associação da comunidade que reúne 18 produtores de leite.

Menos leite

Do total de pequenos produtores, apenas 8 mantém a ordenha das vacas, mesmo assim alcançando apenas 25% da média obtida por animal em tempos normais porque o rebanho está debilitado. A seca reduziu a produção de leite em Igreja Nova em cerca de 80%, queda provocada principalmente pela falta de pasto e de recursos para sustentar o rebanho com ração. Quem ainda tinha mandioca e cana-de-açúcar novas, fontes de sustento para as famílias num futuro próximo, foram obrigados a destinar os alimentos para os animais. Pra
piorar, a palha seca da cana e a palha do arroz, recursos derradeiros para alimentar o gado na região, não estão disponíveis.

O esforço realizado para manter o rebanho de pé representa a batalha diária para assegurar a própria permanência do homem no campo. Vivos, os animais são fonte de renda. Mortos, representam o fim de meios de sobrevivência e ainda o surgimento de mais dívidas, perdas que podem ser reparadas a partir da publicação do decreto de emergência.

Primeira Edição © 2011