Sentença só deve ser pronunciada na sexta-feira; defesa dos acusados sustenta que Suzana matou PC Farias e se matou em seguida
Marigleide Moura
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Um dos mais emblemáticos julgamentos da história política tem início nesta segunda-feira, 06 de maio. Após 17 anos vão sentar no banco dos réus os quatro militares acusados de serem os responsáveis pelo crime que tirou a vida de Paulo César Farias, o PC Farias, empresário e peça-chave de um esquema de tráfico de influência e extorsão, no Palácio do Planalto, e sua namorada, Suzana Marcolino.
As mortes ocorreram numa casa de veraneio na Praia de Guaxuma, em Maceió. PC Farias ganhou notoriedade após assumir a função de tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
O juiz Maurício Brêda estará no comando do Júri. Ele foi designado para responder pela 8ª Vara Criminal da Capital, após o magistrado John Silas da Silva se declarar suspeito, para para funcionar no processo. Ele alegou “razões de foro íntimo”.
O julgamento será iniciado após o juiz confirmar as presenças dos 15 jurados convocados para compor o Conselho de Sentença. No primeiro dia, o julgamento deverá ocorrer entre às 13h e às 20h e, durante o restante da semana - a previsão é que continue até a sexta-feira (10) -, das 08h às 20h.
Testemunhas
Em seguida será feita a chamada das 27 testemunhas. Entre elas, Ingrid Farias, filha de PC Farias. Ela deve confirmar a tese de crime passional e defender réus. O ex-deputado e irmão do empresário assassinado, Augusto Farias, foi convocado como declarante. Ele vai prestar esclarecimento durante o júri.
As primeiras pessoas a serem ouvidas serão as testemunhas. A expectativa é que esta fase dure dois dias.
Acusação
Ministério Público Estadual pedirá a condenação dos réus pela prática de homicídio qualificado. O promotor de Justiça criminal Marcos Mousinho estará na acusação. Ele alega que os militares estão respondendo pelo ilícito penal porque respondem pela co-autoria do duplo assassinato.
Conforme o promotor, os policiais militares eram os responsáveis pela segurança particular de PC Farias. Por isso, tinham a obrigação de zelar pela vida da vítima.
Mousinho entende que os militares tinham a missão de guardar a integridade física do empresário. Como não agiram assim é porque sabiam que o crime seria cometido ou talvez tenham participação direta nas mortes.
Defesa
A defesa sustenta que a versão de duplo assassinato não tem fundamento. O advogado dos réus, José Fragoso, diz que existem indícios suficientes para provar que Susana matou o empresário e se suicidou em seguida. Ele justifica que o que teria motivado o crime seria a iminente separação de PC Farias de Suzana. Fragoso explica que PC Farias estava prestes a reatar um romance com Cláudia Dantas, filha do ex-prefeito de Batalha, José Dantas Rodrigues, assassinado em 1999.
Fragoso argumenta ainda que Suzana temia o fim do relacionamento, pois buscava um companheiro rico, que a sustentasse bem.
Para o advogado criminalista, Suzana estava sentindo o abandono e naquela após ingerir bebida alcoólica decidiu matar o empresário e se matar em seguida.
Primeira Edição © 2011