Ações truculentas da PM e denúncia de pedofilia serão debatidas pela OAB

Casos serão apurados pela Secretaria de Defesa Social (Seds) e pelo Centro de Policiamento da Capital (CPC)

15/04/2013 07:41

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Primeira Edição

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A onda de violência que assola Alagoas tem provocando estresse nos homens que atuam no setor de segurança pública, levando policiais militares, civis e até agentes da Força Nacional a cometerem ações truculentas contra cidadãos inocentes, que vão desde abordagens violentas, passando por racismo, pedofilia e até assassinato. Essa é a reflexão do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, em Alagoas, Daniel Nunes. Seu entendimento é baseado em um dossiê elaborado por ele mesmo durante os três primeiros meses do ano e que contém o registro de 17 denúncias de truculências cometidas por servidores que atuam diretamente no combate a criminalidade

A elaboração do dossiê foi feita porque já causa preocupação à OAB/AL, uma vez que em todo o ano de 2012 foram registrados pela entidade 22 denúncias de abusos cometidos por policiais militares e homens da Força Nacional durante as abordagens, cinco a menos que no primeiro trimestre deste ano, e em 2011 chegaram 31 casos ao conhecimento da Seccional, sendo 14 a menos que 2013.

A equipe do Primeira Edição não teve acesso ao documento, mas obteve informações que as denúncias vão desde abordagem com truculência seguida de violência, abuso de autoridade, ameaça, perseguição, erro de mandado de busca e apreensão, passando por supostos atos de racismo e até um possível caso de pedofilia e de assassinato.

Daniel Nunes disse que encaminhou o dossiê à Secretaria de Defesa Social e ao Comando de Policiamento da Capital, e já obteve resposta dos dois órgãos da segurança pública que os casos serão apurados. “Fiz ciência das denúncias ao comandante-geral da PM, Neuton Boia, e ao secretário de Defesa Social, coronel Dário Cesar, e pedi para que sejam verificados e apurados os casos, bem como acompanhe e adote os procedimentos investigatórios pertinentes às denúncias. Espero que se comprovada a veracidade das denúncias, os responsáveis sejam punidos”, disse Daniel Nunes.

Para o representante dos Direitos Humanos da OAB/AL, esses supostos casos de ações truculentas são resultados do forte estresse que os servidores da segurança pública estão sofrendo devido ao baixo salário, o baixo efetivo e o aumento da criminalidade, bem como a pressão feita pelo Estado para diminuir a criminalidade para mostrar a eficácia do Plano Brasil Mais Seguro.

“O baixo efetivo, os problemas salariais, o aumento da criminalidade tem levado os policiais militares a uma fadiga e ao estresse. Por isso que estão ocorrendo alguns casos de truculência em abordagens por parte de alguns militares. Os policiais estão trabalhando no limite. Há uma grande cobrança sobre os policiais para combater a violência em Alagoas”, disse.

Mas apesar de sair em defesa dos militares, Daniel Nunes classifica como inaceitável às as ações de truculência praticadas pelo militares.

Daniel Nunes pretende promover um debate com a cúpula da Polícia Militar e representantes de associações comunitárias para encontrar uma solução para a diminuição de casos de ações truculentas no Estado.
 

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