Mundo está perto do controle da epidemia da Aids mas longe da vacina

30/11/2012 15:26

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No Dia Mundial de Combate à Aids, o diretor do Programa Conjunto sobre HIV/Aids, Unaids, Luiz Loures, disse à Rádio ONU que não se pode falar ainda em uma cura da doença mas sim, no fim da epidemia.

Loures afirmou que o Dia foi criado em 1988 e, desde então, foram registrados vários avanços.

Fase final

Mas o diretor do Unaids disse que neste ano pode se comemorar o que ele acredita ser a entrada na fase final para o controle da epidemia.

"Eu acho que o que nós temos hoje é um tratamento efetivo que praticamente elimina o vírus mas a pessoa tem de continuar recebendo esse tratamento. Em teoria não podemos falar em cura, mas podemos concretamente falar no fim da epidemia. O que significa a redução da transmissão do vírus a níveis controláveis? Isso concretamente nós podemos falar hoje. Mais uma vez, é uma combinação de progresso científico com mobilização social."

Tratamento

Loures declarou que o último relatório do Unaids mostrou que, em pelo menos 25 países, existe hoje uma redução de mais de 50% nos casos de novas infecções com HIV.
O diretor disse também que houve melhora no tratamento. Atualmente há 8 milhões de pessoas sendo tratadas, 1 milhão mais dos que esperam tratamento.
Segundo Loures, o Dia Mundial de Combate à Aids é também um momento de reflexão sobre o que mais deve ser feito.

Discriminação

Para ele, só o progresso científico não levará ao controle. Loures afirma ser necessário intensificar a luta contra a discriminação, que será a batalha final, na sua opinião.

Principalmente na questão dos direitos humanos, na questão contra a discriminação das pessoas que têm o vírus. Em relação à viagem, em relação ao local de trabalho, em relação à escola.

Para Loures, a combinação entre o progresso científico e a mobilização das sociedades leva hoje a dizer que sim é possível ir ao fim da Aids.

Vacina

O coordenador da Área Internacional e de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, Paulo Buss, falou, em entrevista à Rádio ONU, sobre a fabricação de uma vacina para combater a Aids.

"Temos vários estudos, alguns com Institutos dos Estados Unidos e com o Instituto Pasteur. E a vacina é uma questão de tempo. Eu acredito que nos próximos 10 anos nós poderemos ter uma vacina. Também já sabemos que a medicação bem feita, ou quanto mais precocemente feito diagnóstico em alguém é outra maneira de atacar a expansão da epidemia."

Buss disse que graças à política do SUS do governo federal a epidemia da Aids não explodiu no Brasil.

 Casos

Segundo o médico, todas as projeções, no início da epidemia, davam o Brasil como hoje tendo entre 1,5 milhão e 2 milhões de casos.

Buss disse que o Brasil tem, na verdade, ao redor de 500 mil casos diagnosticados e tratados.
Comunicação.

Mas o coordenador Internacional da Fiocruz falou sobre um terceiro desafio nessa luta, o da comunicação.

A vacina, segundo ele, pode ser que venha em 8, 10 ou 12 anos, mas a informação tem de ser desde hoje.

Acordo

Buss disse ainda que a Fiocruz firmou um acordo com o laboratório farmacêutico internacional Bristol-Myers Squibb, para produzir o Atazanavir, um remédio no coquetel antiaids.

Ele afirmou que o processo vai baratear os custos porque o medicamento vai ser produzido no Brasil. Buss disse ainda que tudo foi feito através de negociação sem a necessidade de quebrar a patente do produto.

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