Edital de privatização do Centro de Convenções sai em breve, afirma secretária-adjunta

Produtores discordam. Mas, para secretária-adjunta da Setur, são do contra porque ainda não têm noção do que realmente vai acontecer

25/10/2012 07:54

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Marcela Oliveira

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A iminente privatização do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, localizado no Jaraguá, tem gerado críticas entre os produtores culturais, que discordam do direcionamento dado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado do Turismo (Setur). 

A secretária-adjunta da Setur, Raquel Tenório, que está participando de um evento no Rio de Janeiro, conversou com o Primeira Edição por telefone. Ela alega que a privatização aumentará a captação de eventos, os quais farão crescer esse tipo de turismo no estado.

“A intenção da Setur é captar mais congressos e eventos, que farão a economia girar. Eventos de grande porte mexem com a economia, pois envolvem hotéis e receptivos, por exemplo. Sendo privatizado, teremos condições de tornar esse ciclo ainda mais produtivo e movimentar ainda mais o turismo de evento. Esse tipo de turista gasta mais do que o turista normal”.

Ainda de acordo com ela, a gestão privada vai evitar a burocracia. “O Centro de Convenções precisa de certa liberdade para funcionar, mas a burocracia muitas vezes dificulta nossa gestão”, disse Tenório enfatizando que as despesas são altas para manter o local . “Temos que pagar os terceirizados, sistema de ar condicionado, vigilância. As despesas fixas do centro giram em torno de R$ 200 mil por mês”.

Produtores discordam

O produtor cultural Gustavo Alcântara discorda da medida e acredita que isso não beneficiará o estado.

“Discordo da privatização porque esse é um equipamento único que o estado tem para oferecer à população. No Riocentro [Rio de Janeiro], por exemplo, diminuiu muito a quantidade de eventos após a privatização. A empresa privada quer saber do quantitativo, do valor que receberá”.

Para ele, com a privatização, o Estado estará atestando sua incapacidade de gestão. “Está sendo alegado que o Centro de Convenções dá prejuízo. Como é que um equipamento dá prejuízo vai ser privatizado? O Estado está atestando a incompetência administrativa dele”.

Gustavo Alcântara argumenta que há outras formas de melhorar a gestão do Centro de Convenções. “Isso tem quer revisto. Acho que teria que abrir uma pauta de negociações. O governo poderia nomear um conselho gestor formado por entidades que trabalham com a produção de eventos para administrar. O Centro de Convenções deveria ter um CNPJ, pois como pessoa jurídica teria mais autonomia. Há várias outras maneiras fora a privatização”.

O produtor afirmou que tentará marcar uma reunião com toda a classe para discutirem o assunto e levarem propostas para o governo.


Edital sai em breve

Divulgação: SeturO edital de licitação já está pronto e está sendo analisado pela Amgesp. Segundo informou a secretária-adjunta, ainda não tem previsão para sua publicação. 

Ela disse que a modalidade da licitação ainda está sendo discutida, mas que, provavelmente deverá ser leilão, onde a empresa que der a maior oferta vai gerenciar o Centro de Convenções.

“Ainda está na fase embrionária. É algo que nunca foi feito no estado. Preparamos o edital com todo o cuidado para que o patrimônio continue sendo mantido e cuidado”.

Raquel Tenório ainda destacou que não procede a informação de que uma empresa estrangeira é que deverá gerenciar o centro. “Um dos itens do edital é que a empresa seja 100% nacional. Estão falando também em direcionamentos. Isso não é existe, é uma informação equivocada”, disse ela acrescentando que a Setur não quer prejudicar os produtores.

“As pessoas que estão se colocando contra é porque não têm noção do que realmente vai acontecer”, conclui ela.
 

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