Carpegiani rebate dirigente: ‘Não tem convicção para permanecer na elite’

Técnico destaca que não volta ao Vitória enquanto Portela for presidente e dispara: 'Se não subir, coloca uma faixa de incapaz e passeia no Pelourinho'

24/10/2012 18:42

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GLOBOESPORTE.COM

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As críticas feitas pelo presidente do Vitória, Alexi Portela, ao técnico Paulo César Carpegiani não ficaram sem resposta. Nesta quarta-feira, o treinador recebeu a equipe do GLOBOESPORTE.COM em casa para esclarecer os pontos ainda obscuros de sua saída do Rubro-Negro. Já de malas prontas para o Rio Grande do Sul, o ex-comandante da equipe baiana deixou a serenidade de lado e disparou contra o cartola, a quem chamou de inconstante e inseguro.

- O presidente é muito influenciável e mostra insegurança. Isso traz consequências. Por isso que, em um ano, o time sobe e, no outro, cai. Não tem convicção para permanecer na elite do futebol - disse Carpegiani, visivelmente chateado com a demissão.

Fora do Vitória desde o último domingo, o treinador declarou que foi o último a saber que estava de saída do clube. Ele confirmou que foi chamado à sala da direção para uma reunião logo após Alexi Portela conversar com o auxiliar Ricardo Silva – que foi promovido a técnico com a decisão da demissão. A maneira como tudo foi feito irritou Carpegiani, que, apesar de reconhecer a queda de rendimento do time, lembrou que o Vitória ainda estava em posição confortável na tabela de classificação.

- Não posso concordar com o jeito que tudo foi feito. Eu deveria ser a primeira pessoa a saber que estava de saída. Mas, quando fui chamado pelo presidente, ele já tinha conversado com o Ricardo Silva. A demissão me pegou de surpresa. Disse para ele: "Para que lado eu vou depois de sair com a campanha que estamos fazendo? Temos 63 pontos, 94% de chance de subir e o senhor me faz esse tipo de colocação?" Mas tudo bem. Muitas vezes na vida é necessário dar um passo para trás para se conseguir dar dois para frente. E faço isso sem nenhum constrangimento – afirmou.

Segundo Carpegiani, durante a reunião, Alexi Portela mostrou-se desconfiado sobre o potencial do time na reta final da Série B. De acordo com o treinador, o medo de não conquistar o acesso para a Primeira Divisão e influências vindas de outros membros do clube foram fundamentais para o presidente optar pela demissão.

- Ele me falou que estava com receio de não classificar. Respondi que ele estava brincando comigo. Com a campanha que fizemos, não resta a menor dúvida que conseguiríamos subir. Considero o presidente inseguro. Ele passa essa insegurança. É uma pessoa influenciável. Vai pelo "zumzumzum". Sai um dia e volta no outro a mil, fazendo cobranças inexplicáveis.

Minha opinião é essa. Ele tem uma falta de convicção muito grande. Talvez na vida particular seja convicto. Mas, no futebol, por não ter o domínio necessário, ele não tem convicção – destacou Carpegiani. 

Sem papas na língua, o ex-técnico do Vitória aproveitou para alfinetar Portela. O treinador lembrou que o clube baiano ainda não possui títulos de âmbito nacional, enquanto ele já foi campeão brasileiro com o Flamengo e possui no currículo uma passagem pela Copa do Mundo de 1998.

- Acho que a pessoa menos capaz de me julgar é o Alexi. Se ele fosse uma pessoa com maior capacidade, talvez com títulos... Eu e os jogadores é que abrimos a porta para que ele chegasse à possibilidade de conquistar agora o primeiro. Nem preciso dizer os títulos que eu tenho. Não preciso fazer esse tipo de comparação. Mas acho que, em um momento de indefinição, ele começa a ficar meio perturbado - pontuou.

 

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