Ex-diretor do Dnit diz que pediu doações para campanha de Dilma

28/08/2012 13:13

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Globo.com

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O ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot disse nesta terça-feira (28), em depoimento à CPI do Cachoeira, que pediu doações a empresas de construção civil para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff à Presidência da República, em 2010.

O ex-diretor do órgão público contou que o pedido para que solicitasse doações foi feito a ele por José de Filippi Júnior, tesoureiro da campanha de Dilma. O G1 procurou o ex-tesoureiro, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Pagot afirmou que não considera ter sido “arrecadador” de recursos porque, segundo ele, não recolheu o dinheiro pessoalmente.

Ele também negou que tenha atuado no Dnit para favorecer as empresas que contribuíram para a campanha da presidente. Pagot dirigiu o Dnit de 2007 a 2011.

“De maneira nenhuma associei a doação a qualquer ato administrativo do Dnit. Posteriormente ao meu pedido, já no transcurso da campanha, algumas empresas encaminhavam para mim boletos demonstrando que tinham feito a doação. Posteriormente, eu constatei que diversas empresas para as quais eu havia feito a solicitação realmente fizeram a doação na conta de campanha”, contou.

Parlamentares da oposição questionaram se o tesoureiro da campanha havia pedido o dinheiro pessoalmente a Pagot no gabinete dele, no Dnit, e se tratou do assunto em alguma ocasião diretamente com a presidente Dilma.

Pagot afirmou que foi procurado duas vezes pelo tesoureiro do PT, em seu gabinete. “Sobre a procura que o tesoureiro me fez, ele esteve duas vezes no Dnit. A primeira vez, ele esteve no primeiro turno. [...] Eu selecionei umas 30 empresas [para pedir doações]”, afirmou.

Segundo Pagot, todas as empresas que ele procurou para fazerem doações para a campanha de Dilma realizaram a doação. “Eu acredito que entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões essas empresas devem ter doado”.

O ex-diretor do Dnit negou que tenha conversado com Dilma sobre o pedido de doação. “Por ocasião da campanha, nenhum telefonema, nenhuma solicitação”, disse.

Ele afirmou que se encontrou com a presidente apenas em reuniões sobre o Programa de Aceleração do Crestimento (PAC) e em inaugurações.

“As últimas vezes em que estive com a presidenta, uma foi em outubro de 2009, na última reunião do PAC, que ela coordenou e, posteriormente, na inauguração das eclusas de Tucuruí. Posteriormente a essa inauguração, [estive com ela] na reunião do dia 24 de junho, quando tratamos da avaliação da obra do PAC”, disse.

O pedido para chamar Pagot à CPI do Cachoeira foi apresentado depois que ele declarou, em entrevistas, que deixou o Dnit por pressão do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo Pagot, Cachoeira defendia interesses da construtora Delta no órgão.

O ex-diretor do Dnit afirmou também, em declarações à imprensa, que era procurado por diversos partidos para captar, junto a empreiteiras, doações ilegais para campanhas políticas.

Outros pedidos
Segundo Pagot, além do ex-tesoureiro da campanha de Dilma, a ministra Ideli Salvatti e o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) também pediram auxílio para arrecadação de campanha.

“Eu posso até dar outro exemplo. Não devia, mas vou. Não foi só a senadora Ideli que me procurou. Teve outra procura que eu fiquei extremamente constrangido e ameaçado. Pede audiência o ex-ministro Hélio Costa. E vem me procurar no sentido de indicar empresas para que fizesse arrecadação. [...] eu me manifestei da mesma maneira, dizendo que eu não aceitaria e que procurasse partidos políticos”, disse.

A assessoria de imprensa da ministra Ideli Salvatti afirmou, por meio de nota, que ela “jamais recorreu ao Sr. Luiz Antonio Pagot para solicitar recursos para campanhas ou mesmo indicações de empresas para esse fim”. A nota afirma ainda que a ministra esteve no Dnit “diversas vezes” para tratar do andamento de obras no seu estado, Santa Catarina, quando ainda era senadora e coordenadora do Fórum Parlamentar Catarinense.

De acordo com o ex-diretor do Dnit, Hélio Costa disse que iria tentar retirá-lo da direção do órgão. “Quando ele viu da minha negativa, ele levantou de rompante, me deu de dedo e disse: 'Vou me eleger governador do estado de Minas Gerais, e a primeira coisa que vou fazer é te tirar do Dnit'. São coisas que se sofrem sendo dirigente de uma autarquia”, declarou.
O ex-ministro Hélio Costa afirmou por telefone que não lembra de ter feito pedidos a Pagot e disse não saber as razões pelas quais o ex-diretor do Dnit o acusa.

“Eu não me recordo de ter feito nenhuma solicitação a ele [Pagot]. Estive com ele para tratar de outros assuntos, sempre acompanhado dos meus assessores. Não tenho a menor idéia do que se trata e não sei por que ele está fazendo essas acusações com o meu nome”, declarou.

* Colaborou o G1 MG 

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