Governo vai dar novas vacinas a menores de 5 anos a partir de sábado

Dose contra cinco doenças e injeção de pólio serão incluídas no país. Campanha vai até dia 24 e também dará vitamina A nos locais mais pobres

14/08/2012 09:05

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G1

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O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (14), em Brasília, a inclusão de duas novas vacinas no calendário oficial, para crianças com até 5 anos de idade.

As duas novas doses são a pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras doenças bacterianas, e hepatite B) – que até então era oferecida em duas vacinas separadas – e a inativada contra poliomielite, que não conterá mais o vírus "vivo" e passará a ser aplicada por meio de injeção.

A Vacina Inativada Poliomielite (VIP) será aplicada aos 2 e aos 4 meses de idade, e as famosas gotinhas são usadas nos reforços, aos 6 e aos 15 meses de idade.
Uma campanha nacional será realizada em todo o país entre os dias 18 e 24. O dia de maior mobilização, chamado "Dia D", ocorre neste sábado (18) e terá o envolvimento de mais de 50 mil agentes de saúde em postos, parques e escolas.

Uma das vantagens da vacina injetável contra a pólio é que ela acaba com o risco de uma paralisia infantil causada como consequência da dose oral. Esse efeito colateral, porém, é raro, de um caso em quatro milhões.

A introdução da VIP vem sendo usada em países que já eliminaram a doença. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), no entanto, recomenda que os países das Américas continuem aplicando a vacina oral, com vírus atenuado, até a erradicação mundial da poliomielite, o que garante uma proteção de grupo.

O vírus da paralisia infantil ainda circula em 25 países. O Brasil vai usar simultaneamente as duas vacinas (oral e injetável), aproveitando as vantagens de cada uma para manter o país livre da poliomielite.

Primeiro x segundo semestre

O ministro Alexandre Padilha falou em coletiva de imprensa na manhã desta terça que o calendário nacional de vacinação se dividirá em dois: um para o primeiro semestre e o outro para o segundo. Nos primeiros meses do ano, o foco é a vacinação oral contra a pólio, para proteger individualmente cada criança e, ao ser expelida no ambiente, ajudar a impedir o vírus selvagem que ainda está presente em alguns países.

"Enquanto houver situação endêmica da pólio, o Brasil vai manter a orientação de uma forte campanha", disse. No segundo semestre, em vez de ser aplicada uma segunda dose oral de pólio, o governo fará uma atualização do calendário vacinal. A meta será checar se a caderneta da criança está ou não em dia.

Da pentavalente para a heptavalente

Padilha ressaltou que a vacina pentavalente tem o benefício de reduzir o número de picadas nas crianças. Além disso, por ser fabricada em uma parceria do Instituto Butantan, em São Paulo, com o laboratório Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, deve fortalecer a produção nacional de vacinas.

"A vacina inativada já era usada para situações muito especificas de imunossupressão, e agora vai para as crianças que ainda não começaram o esquema de vacinação da pólio. A injeção é indicada para o início do esquema de proteção contra a paralisia, até os 4 meses de vida, que é o período de maior risco", disse Padilha.

O ministro disse que o próximo passo é produzir uma vacina heptavalente, um projeto de pelo menos quatro anos entre Butantan, Bio-Manguinhos e a Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Minas Gerais.

"O Brasil tem condições de produzir vacinas de interesse para o país e pode disputar o mercado externo, em parceria com a OMS e a OPAS. Já exportamos doses de febre amarela, BCG (tuberculose), sarampo e rotavírus", ressaltou.

Vitamina A

Além da campanha nacional de vacinação, com a introdução de duas novas doses no calendário, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça a suplementação de vitamina A, por via oral, que será feita em menores de 5 anos de idade, em mais de 3 mil municípios nas regiões Norte, Nordeste e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais. A meta é reduzir as mortes e interções por doenças infecciosas.

"A OMS indica uma dose a cada seis meses para crianças de até 5 anos onde haja uma carência endêmica. A falta de vitamina A está relacionada a diarreias, doenças respiratórias e infecções", disse Padilha.

A gotinha de vitamina A será aplicada nesse mesmo período de vacinação, e deve continuar nos postos de saúde depois. A expectativa é atingir 7,8 milhões de crianças nos municípios que integram o programa "Brasil sem Miséria", onde há maior concentração de pobreza.

Primeira Edição © 2011