Médicos dos EUA acusam ONG de exagerar benefício de mamografia

03/08/2012 09:58

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FOLHA ONLINE

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Especialistas da Universidade Dartmouth, nos EUA, acusam a ONG Susan G. Komen for the Cure de usar estatísticas enganosas para estimular mamografias de rotina para mulheres sem sintomas. A ONG é famosa pelas campanhas internacionais com fitas cor-de-rosa e pelo "outubro rosa".

O artigo dos médicos Steven Woloshin e Lisa Schwartz foi publicado na revista científica "British Medical Journal". A dupla ataca um anúncio da ONG que afirma que a sobrevivência após cinco anos para o câncer de mama detectado no início é de 98%, contra 23% dos tumores achados mais tarde.

Segundo os autores, esse dado leva ao engano de se achar que a detecção precoce é responsável pela maior sobrevida e não o tratamento: quem achou o câncer com 60 anos e morreu aos 66 viveu tanto quanto quem descobriu aos 64 e morreu com a mesma idade, apesar de isso aparecer de forma diferente nas estatísticas de sobrevida após cinco anos.

Os médicos também destacam o risco de sobrediagnóstico causado pelas campanhas de rastreamento. Muitos dos tumores detectados não matariam nem causariam sintomas até a morte da paciente.

Woloshin e Schwartz afirmam que até metade das mulheres que fazem os exames de rastreamento anualmente por dez anos têm ao menos um resultado falso-positivo e acabam sendo submetidas a uma biópsia.

Em 2010, um estudo publicado na revista "New England Journal of Medicine" afirmou que as mamografias de rastreamento têm um impacto apenas modesto na redução das mortes por câncer de mama.

A ONG Susan G. Komen afirmou, em resposta ao artigo no "BMJ", que a detecção precoce permite o tratamento mais cedo, o que aumenta a chance de sobrevivência.

"Todo mundo concorda que a mamografia não é perfeita, mas é a ferramenta de detecção mais disponível que temos hoje", afirmou Chandini Portteus, vice-presidente de pesquisa, avaliação e programas científicos da fundação.

"Temos dito há anos que a ciência precisa melhorar, motivo pelo qual a Komen investe milhões de dólares em pesquisa para detectar o câncer de mama antes de seu início, por biomarcadores, por exemplo."

Primeira Edição © 2011