Barco-escola do IMA mostra a triste realidade vivida pelas Lagoas de AL

Aula prática de educação ambiental mostrou a degradação e a fragilidade do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba.

30/04/2012 07:08

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Jessica Pacheco

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À convite do diretor de desenvolvimento e pesquisa do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Fernando Antonio Viera Veras, a reportagem do Primeira Edição participou do passeio do Barco-Escola da entidade no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM) e conheceu todo o ecossistema da região e a degradação que ela vem sofrendo nos últimos anos.

O barco-escola do IMA faz parte do Projeto ‘Navegando com o Meio Ambiente’ e já tem mais de dois anos de existência dando aulas práticas sobre a degradação e o ecossistema do CELMM, despertando a população que participa do passeio sobre a necessidade de revitalizar aquele ecossistema para o bem dos alagoanos.

Jessica Pacheco“O projeto já está implantado, já faz parte da educação ambiente do IMA e já está com aulas agendada até agosto”, afirmou o responsável pelo barco-escola, Fernando Veras. Segundo ele, para solicitar a aula-prática no barco escola, basta o grupo encaminhar um ofício ao IMA. “Isso aqui é fonte de sustento de milhares de famílias, além disso, o desequilíbrio que tomou conta da CELMM e que o deixou frágil pode trazer grandes problemas para a população em breve. As lagoas estão completamente assoreadas por lixo e uma enchente aqui pode destruir tudo, pois não tem para onde a água ir. O problema é sério e não tem a atenção devida”, explicou Veras.

Jessica PachecoA aula prática, realizada no catamarã do IMA, contou com a presença de integrantes da Associação Alagoana de Ciclismo (AAC) e de convidados que foram recepcionados pelo técnicos do Instituto.

O passeio começou na unidade descentralizado do IMA, localizada na Ilha de Santa Rita, onde os técnicos apresentaram os objetivos do Projeto e mostraram mapas do percurso que seria feito.

“Vamos começar pela parte menos degredada e terminaremos na área mais impactada, no Dique Estrada”, explicou Veras.

As técnicas ambientais Josi Araújo e Mirella Cavalcante ministraram a aula sobre a importância daquele ecossistema e dos manguezais da região, mostrando a fauna e a flora local.

Jessica Pacheco

“Os mangues tem uma importância vital para Maceió. Tanto em questão do sustento de grande parte da população que vive do sururu, do massunim, do caranguejo, enfim, e na questão do equilíbrio também”, explicou a estudante de Geografia e estagiária do IMA, Josi Araujo.

De acordo com Fernando Veras, a pesca de caiçara é um dos trabalhos intensos encontrados no CELMM.

Jessica Pacheco“O pescador corta galhos de mangue e coloca como estacas na lagoas, formando uma espécie de labirinto. Alguns ainda colocam galhos dentro do cerco, pois forma uma espécie de esconderijo que atrai as espécies”, explicou o diretor de desenvolvimento e pesquisa do IMA. “Depois o pescador vem aqui com uma rede e capturas as espécies. Tainhas são a maioria nas caiçaras”, disse.

Segundo o ambientalistas, a pesca de caiçara, que é tipicamente da Lagoa Mundaú, já está ameaçada, por conta da quantidade de lixo que esta assoreando o local.

"Talvez, em breve, nós tenhamos que proibir o uso da caiçara, por conta do excesso de lixo que ela colhe. O lixo fica preso nas cercas e assorea ainda mais a lagoa", disse ele. "Uma pesca que é tradicionalmente nossa pode ter um fim por conta do lixo que jogamos aqui, é triste", lamentou Veras.

Jessica Pacheco

Apesar do corte do mangue ser considerado ilegal, pois se trata de área de preservação permanente (APP), apenas o corte por parte dos pescadores para a construção de caiçaras é permitido.

Dique Estrada

A parte do CELMM localizado no Dique Estrada é considerado o mais poluído do ecossistema. Na comunidade não há saneamento básico e dessa forma todo os dejetos da população que vive naquele local vai direto para as águas da lagos.

Jessica Pacheco

De acordo com os técnicos do IMA, mais de 200 hectares [1 hectare equivale a um campo de futebol] foram aterrados para a construção do Dique Estrada.

Jessica Pacheco“A intenção era acabar com as enchentes em Maceió, mas idéia não deu muito certo. Por conta dos dejetos que estão sendo jogados na lagoa, a Mundaú esta cada vez mais assoreada”, disse Veras. “Hoje, áreas que antes tinha metros de profundida, não passam de centímetros”, explicou.

E a possibilidades de enchetes na parte baixa de Maceió, segundo o IMA, só piorou, pois os aterros tirou espaço para as lagoas ecoarem. “Se coincidir dessa cheia for em um dia de maré alta, a água vai bater no mar e voltar, e bairros como Pontal, Trapiche, Vergel, Ponta Grossa, Cambona, enfim, vai ficar embaixo d’água”, disse.

Convite ao Poder Público

No final da aula prática, já de volta a sede descentralizado do IMA, os participantes do evento se disseram triste em conhecer a realidade do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba e propuseram um convite as autoridades públicas para participar de um passeio no barco-escola do IMA.

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