“Sou candidato e não dependo do apoio do governo estadual”, diz deputado Jéferson Morais

Deputado busca alianças e diz que candidato governista deverá ser Rui Palmeira

23/04/2012 04:33

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Jornal Primeira Edição

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Candidato do DEM, com total apoio do vice-governador Thomaz Nonô. É como se define o deputado estadual Jéferson Morais, em entrevista à repórter Luciana Martins. “Não sou candidato do governo, o nome do governo deverá ser o deputado Rui Palmeira, que é do PSDB, o partido do governador Téo Vilela”, diz Morais. Ele admite que a imagem da Assembleia Legislativa é negativa e confirma que seus assessores recebem a polêmica GDE (Gratificação por Dedicação Exclusiva). Em relação ao senador Demóstenes Torres, denunciado por ligações com o bicheiro Carlos Cachoeira, o parlamentar acha que, por ser um caso isolado, não se refletirá no desempenho dos candidatos do DEM. “Se fosse assim, considerando as denúncias que atingiram o PT, como a do mensalão, a presidente Dilma não teria sido eleita”.

O bloco governista tem dois candidatos declarados: o senhor e o deputado federal Rui Palmeira. O eleitor vai assimilar essa divisão?
Primeiro, há uma diferença enorme: não sou candidato do governo; do governo do Estado, creio, deve ser o deputado Rui Palmeira por ser do PSDB, o partido do governador Téo Vilela. Sou candidato do Democratas. Não vai haver problema algum, embora meu partido seja da base de governo, mas está bem claro: o governo terá seu candidato, acredito que seja o deputado Rui Palmeira, mas o governador ainda não se pronunciou publicamente, não disse ‘tenho um candidato’. Ele tem sido muito coerente, tem dito que a base do governo tem dois ou três candidatos, incluindo também Gilvado Carimbão. Bom, tem sido muito coerente, mas acredito que chegará o momento em que assumirá quem é o seu candidato. Mas, insisto: não há divisão alguma, são partidos diferentes e tendências diferenças. Por exemplo, na Assembleia faço parte da bancada do governo, da base de sustentação do governo. Com relação à eleição municipal de Maceió, é outra situação, sou candidato do Democratas, que é o meu partido. O meu partido terá candidatura própria e o candidato sou eu.

Existe hipótese de Jéferson Morais não disputar a Prefeitura este ano?
Não acredito nesta hipótese, estou trabalhando para ser candidato. Estamos sempre a depender da vontade de Deus, somente ele poderá impedir que eu seja candidato. Hipótese de desistência não existem nem da minha parte, nem do meu partido, nem do presidente do meu partido, o vice-governador José Thomaz Nonô, que é uma pessoa muito franca, muito coerente, nós não estamos brincando. Sou pré-candidato a prefeito de Maceió por uma agremiação partidária da qual sou presidente do diretório municipal e cujo o diretório estadual, por unanimidade, homologou minha candidatura.

Com quem o DEM pretende fazer aliança no primeiro turno?
Estamos conversando. Eu já conversei com o senador Renan Calheiros, com o deputado federal João Lyra, conversei com a Rosinha da Adefal e com o senador Benedito de Lira. Estou mostrando a essas lideranças, a minha pretensão, o meu pensamento, os meus projetos. É conversa franca, aberta, chamando essas pessoas para que possamos formar uma parceria. Política se faz com alianças e eu, graças a Deus, tenho esse dom de aglutinar, de juntar as pessoas, tentar juntar os grupos. Essa é a minha missão principal nesse momento de pré-candidatura.

O senhor já conversou com o governador Teotonio Vilela sobre sua candidatura? O que espera dele?
Já conversei com Teotonio Vilela em várias oportunidades, a respeito das eleições de 2012. O governador nunca se aprofunda nessa conversa, e eu entendo que é uma estratégia dele. Há uma expectativa por parte de toda sociedade no momento em que o governador vai anunciar quem é o candidato do governo, porque o governo do Estado vai ter que ter um candidato e uma tendência natural é que seja o deputado Rui Palmeira, um filiado do PSDB.

E o que diz o vice Thomaz Nonô?
A minha situação é muito cômoda, estou tranquilo, bem à vontade porque o presidente do meu partido, a liderança maior do meu partido, José Thomaz Nonô, diz abertamente em todas as entrevistas, que eu sou pré-candidato do partido. Espero que o governador se defina. Tenho consciência de que estou fazendo a minha parte, e tenho a compreensão de que o PSDB terá o seu candidato e ele será o deputado federal Rui Palmeira, mas isso não muda em nada a minha pretensão, a minha vontade, até porque em nenhum momento, quando o meu partido me lançou pré-candidato, colocamos nenhuma condição para que eu tivesse o apoio do governo do Estado. Estamos andando com os nossos pés, estamos procurando parceria, estamos conversando com outras lideranças.

Existe o compromisso de o segundo colocado (do grupo governista) apoiar o que for para o segundo turno?
Já houve conversa nesse sentido, compromisso não. Mas conversas que não foram aprofundadas e que precisam ser aprofundadas, mas ainda não foi batido o martelo.

Eleito prefeito, como o senhor pretende resolver a problemática do trânsito maceioense?
Deixo até um esclarecimento para a população: vamos para um período de propaganda eleitoral, e o eleitor precisa ter muito cuidado nas promessas que são feitas. Basta relembrar promessas anteriores que foram feitas em Maceió, de VLT, ligação do Reginaldo com Avenida Rotary, de um sistema de transporte inovador na Fernandes Lima, e nada disso aconteceu. Eu não costumo, não é da minha prática me utilizar da mentira para alcançar um objetivo. Eu serei muito, muito honesto e coerente com todas as minhas propostas no que diz respeito a essa pré-candidatura. Não vejo ninguém capaz de assumir a prefeitura de Maceió e em pouco tempo resolver a questão do trânsito. É uma questão que exige um estudo aprofundado e investimento na estrutura, na melhoria do trânsito porque o trânsito em Maceió tende a piorar a cada dia, a cada mês. Algo impossível de resolver? Tem solução, sim. Agora não se resolve o problema do transito em Maceió, do transporte público, do dia pra noite, não existe fórmula mágica. Existe sim estudo sério com técnicos capacitados que encontrem solução e apresentem projetos para o prefeito que deve correr atrás de emendas federais, recursos federais para realização de obras. Maceió não tem capacidade financeira para resolver o problema do trânsito. Se isso fosse possível, eu tenho certeza absoluta que o prefeito Cícero Almeida, com a competência que demonstrou, já teria resolvido.

As denúncias contra o senador Demóstenes Torres, seu colega de partido, sobre ligações com o bicheiro Carlos Cachoeira, podem prejudicar os candidatos do DEM, inclusive o senhor?
Creio que não, é um caso isolado, lamentável, que está sendo investigado. Mas o partido não será penalizado por um ex-membro que cometeu irregularidade. Se fosse assim o Brasil não teria elegido a presidente Dilma, que tem uma aprovação maravilhosa. O PT sofreu várias baixas, várias denúncias de corrupção, de mensalão e outras, mas são atos isolados. Você não pode punir uma agremiação por erros de seus integrantes, e ainda bem que a população tem esse discernimento.

Como o senhor avalia o desempenho da Assembleia Legislativa hoje? O que ainda há de errado e precisa ser corrigido por lá?
Quando assumi o mandato imaginava que seria diferente. Você chega com muitos sonhos, muita vontade, depois você esbarra na burocracia, na forma de agir da Assembleia. Claro que tem muita coisa errada no Poder Legislativo, que vem de longe e não há vontade política para resolvê-la. Ainda há pessoas que enxergam isso e não se acomodam, não aceitam como é o meu caso e de outros parlamentares. Espero que a ALE possa corrigir ao longo do tempo os vícios que foram deixados na Casa e não ajudam em nada esse poder. Urge corrigir a relação institucional da Assembleia com a sociedade, é preciso que haja um trabalho de ações que melhore a imagem da Assembleia junto à sociedade, esse é um dever de Casa, que começa dentro da ALE. Que ela mostre que é um poder de extrema importância para a sociedade. Hoje, depois de tantos desgastes, a gente percebe que a população não tem uma boa imagem da Assembleia. Sonho em ver um dia uma Mesa Diretora que diga: o que há de errado? Vamos corrigir.

A seu ver, a GDE (Gratificação por Dedicação Exclusiva) é legal? Seus assessores a recebem?
Esse é um tema que alguns evitam falar, mas, eu não, eu falo sobre isso. A gratificação foi criada por uma decisão interna e aprovada. Não vejo irregularidade alguma na gratificação, até porque existe certa hipocrisia: qual o trabalhador que não quer ter gratificação? Alguns servidores meus têm porque são competentes, porque têm dedicação exclusiva, trabalham no final de semana e eu acho justo. Essa é a minha maneira de ver a gratificação. Se existem outras aplicações ou interpretações fora do que eu estou dizendo, não discuto essa questão. É um direito do parlamentar? É. É um direito ele contemplar seus servidores com gratificação? É. Agora, além disso se acontece mais alguma coisa, não faz parte do meu procedimento, não sei como funciona eu só respondo pelos meus atos.

O senhor ainda defende punição para os deputados taturânicos? Acredita que haverá julgamento e punição?
Defendo que todos sejam julgados, o julgamento está demorando muito. Se serão punidos ou não é uma conseqüência. Agora, defendo que todos eles sejam submetidos a julgamento. A Justiça está demorando demais. Até porque a sociedade fica cobrando uma resposta. Essa demora desgasta a confiança da sociedade no Poder Judiciário.

 

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