Petroleira espanhola acusa Argentina de tentar 'tapar crise'

17/04/2012 08:55

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G1

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O governo de Cristina Kirchner decidiu expropriar parte petroleira YPF no país, filial da espanhola Repsol, para "tapar a crise social e econômica que o país enfrenta", afirmou o presidente da empresa, o espanhol Antonio Brufau.

"A expropriação é apenas uma forma de tapar a crise social e econômica que a Argentina está enfrentando", insistiu Brufau em uma entrevista coletiva em Madri.

"Ao levantar a bandeira da expropriação e buscar um responsável na YPF esconde a realidade", completou.

Brufau disse que as autoridades argentinas entraram nas instalações da Repsol YPF "sob o amparo de uma lei de Videla", em uma referência ao ex-ditador Jorge Videla.

Nesta manhã, as ações da Repsol caíam 7,04%, a 16,30 euros, e lideravam as quedas na abertura da sessão desta terça-feira (17) na Bolsa de Valores de Madri, Espanha. Os títulos da Repsol terminaram a sessão de ontem a 17,48 euros, em linha com o fechamento da última sexta-feira (+0,06%).

A empresa espanhola calculou sua participação de 57,4% na YPF em US$ 10 bilhões.

Brufau disse ainda que a campanha contra a empresa nas últimas semanas na Argentina foi "calculadamente planejada para provocar a queda da ação da YPF e facilitar a expropriação" com preço reduzido.

O governo argentino acusou a empresa de não cumprir os compromissos de investimentos no país. Kirchner enviou na segunda-feira ao Congresso um projeto de lei para declarar 51% da YPF de utilidade pública.

O ministério de Assuntos Exteriores espanhol convocou nesta terça-feira o embaixador argentino em Madri, Carlos Bettini, após a decisão do governo de Cristina Kirchner. Esta é a segunda convocação de Bettini em quatro dias.

Entenda
De acordo com a presidente Cristina Kirchner, durante anúncio na véspera, 51% das ações da companhia passarão ao controle do governo federal, enquanto os outros 49% serão distribuídos entre as províncias.

A Repsol YPF é a líder no mercado de combustíveis na Argentina. Sua filial YPF, privatizada nos anos 1990, controla 52% da capacidade de refinamento do país e dispõe de uma rede de 1.600 estações de serviços.

Umas das principais críticas é que a Repsol-YPF "reduziu em 30%-35% sua produção de petróleo nos últimos anos e mais de 40% a de gás", o que forçou a Argentina a aumentar em mais de US$ 9 bilhões as importações de hidrocarbonetos, segundo um documento das províncias.

A Repsol YPF rejeita o argumento oficial e assegura que em 2012 deve investir 15 bilhões de pesos (US$ 3,4 bilhões) no país.

"O objetivo do governo é atingir o autoabastecimento de petróleo. Analisamos cada uma das concessões e o cumprimento dos contratos. Quando isso não ocorre, a situação se reverte", disse, na sexta-feira, o ministro argentino da Economia, Hernán Lorenzino.

Disputa
A intenção de nacionalizar a companhia já provocava tensão entre Espanha e Argentina. Segundo a Espanha, o ato seria uma "agressão à segurança jurídica" existente entre os países.

"Qualquer agressão violando o princípio de segurança jurídica da Repsol será tomada como uma agressão à Espanha, que tomará as ações que julgar necessárias e pedirá o apoio que for preciso a seus sócios e aliados", disse, na sexta, o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo.

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