Alagoano vive em SP com 3 mulheres e 18 filhos

Natural de Girau do Ponciano, Luiz mora com a família em uma casa de 4 cômodos

16/03/2012 15:13

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Terra

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Artista popular nordestino, autor de músicas e letras sobre o sofrimento dos seus conterrâneos e símbolo de uma campanha para ajudar os flagelados da seca em 2000, o operário Luiz Pedro da Silva, não chama atenção pelo ritmo do baião ou pela letra de suas composições. Nesta semana, as equipes de TVs o procuraram para contar como ele vive casado com três mulheres ao mesmo tempo, mora em uma casa de quatro cômodos com 18 filhos, e ainda consegue dar carinho a todas, sem que uma sinta ciúmes da outra.

"As equipes de TV estiveram aqui, mas me decepcionaram, porque não se interessaram pela minha música ou pelo sofrimento que estou passando. Quiseram saber apenas da minha vida particular, se dou carinho para minhas três esposas, se elas estão satisfeitas, essas coisas privadas", contou Luiz Pedro.

Alagoano de Girau do Ponciano, Luiz Pedro, 45 anos, está desempregado, sem dinheiro, morando em uma conjunto habitacional na pequena cidade paulista de Santo Antônio do Aracanguá, a 555 km de São Paulo. "Vim para cá, trazido pelo sogro da minha primeira mulher. Mas não consigo emprego e recebo pouca ajuda da assistência social, que, por enquanto, me arrumou apenas parte de uma cesta básica e um colchão velho", disse.
A residência, que fica em um conjunto de casas cujos moradores são na maioria vindos do Norte-Nordeste para trabalhar nas usinas de álcool de São Paulo, teve o primeiro aluguel, de R$ 350,00, pago pelo sogro. "A gente se arruma aqui, dorme na sala, no sofá, no chão, na cozinha e nos dois quartos."

A primeira mulher de Pedro, Damiana, 35 anos, é a única que recebe ajuda da assistência governamental, R$ 306,00 da Bolsa Família. "Não conseguimos a bolsa do programa Renda Cidadã, embora todos nossos filhos estejam na escola", disse. "Fui na prefeitura e na secretaria que cuida desses benefícios, mas consegui apenas a doação do leite para crianças", afirmou ela.

Se o poder público não ajuda como deveria, os vizinhos doam alimentos, móveis e roupas para a família. "A gente faz aqui o que pode. São nossos vizinhos e é gente como a gente", diz o pernambucano Josuel Oliveira, morador no mesmo bairro, que se mudou para Aracanguá há 10 anos.

A esperança da família é que Pedro comece a trabalhar com serviços gerais em uma usina de álcool nos próximos dias. "Estou fazendo os exames para admissão, tomara que comece logo, preciso trabalhar para sustentar minha família", afirmou ele, que se orgulha de sempre estar ao lado das esposas e filhos e dar uma educação exemplar para os menores.

As mulheres e filhos

O filho mais velho de Pedro, Luís Paulo, 17 anos, trabalha de auxiliar em um condomínio de casas e ajuda no orçamento da família. "Mas eu não quero ter mais de uma mulher não, como meu pai", garantiu o jovem.

Além de Damiana, com quem está casado há 22 anos e tem 10 filhos, Pedro é casado com Eliane, 26 anos, e Lídia, 18 anos. Com a segunda mulher, ele tem cinco filhos e com a terceira, outros dois.

Antes delas, porém, ele já havia casado outra mulher, de quem se separou e com quem teve uma filha, hoje desaparecida, e que lhe deu uma neta. A menina foi adotada por Pedro e, atualmente, mora com a família. "Se esta minha filha ainda estiver viva, está com uns 24 anos", afirmou ele, acrescentando que menina fugiu de casa quando tinha 17 anos.
A família de Pedro deve aumentar ainda mais, porque Eliane e Lídia estão grávidas. Damiana foi submetida à cirurgia e tem as trompas ligadas.

"Estou grávida, mas este será o último porque também vão me ligar as trompas", disse Eliane, casada com Pedro há 12 anos. "No começo a gente fica com ciúmes, mas depois passa e hoje somos as três como irmãs e filhas", disse Damiana. "Aqui uma amamenta o filho da outra e todas se respeitam", complementa Pedro.

A mais tímida é Lídia, que mora há quatro anos com a família. Assim como Pedro e as outras mulheres, ela morava no município alagoano de Girau do Ponciano. "Lá em Girau, meu pai me expulsou de casa e o Pedro me aceitou para morar com ele", disse. "Estou gostando", afirmou ele em baixo tom de voz.

"Ela estava grávida de um bandido que a seduziu quando ela tinha 13 anos e o pai a mandou embora. Fiquei com dó e a levei para casa", disse Pedro. Hoje, com 18 anos, a barriga de Lídia mostra a gravidez do segundo filho.

Pedro tem argumenta contra o condena por se casado com mais de uma mulher. "Eu amo e respeito as três. Dou carinho e amor, amor de verdade, para as três. Eu poderia ser como tantos outros homens, que têm muito mais mulheres, em casas separadas. A gente sabe que, se for por sexo, um homem pode ter muitas outras mulheres. Mas não é o meu caso e amo as três do mesmo jeito e com a mesma intensidade. E assumo todas da mesma maneira."

"Ninguém nasceu para ninguém e ninguém é de ninguém. Só o amor escolhe", afirmou Damiana, justificando o modo de vida da família. Dos 18 filhos, nove são mulheres e nove são homens.

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