Síria: Annan diz que apresentou propostas concretas a Assad

11/03/2012 08:37

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AFP

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O emissário internacional Kofi Annan indicou ter apresentado durante seu segundo encontro em Damasco com o presidente sírio, Bashar al-Assad, "uma série de propostas concretas" que teriam um "impacto real" sobre a situação na Síria.

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"Eu apresentei uma série de propostas concretas que teriam um impacto real no terreno e ajudariam a lançar um processo visando ao fim desta crise", indicou Annan a jornalistas ao fim de sua reunião com o presidente sírio.

Ele afirmou que as negociações foram centradas na necessidade "de uma interrupção imediata da violência e das mortes, de um acesso às agências humanitárias e de um diálogo".

"A resposta realista é (aceitar) a mudança e adotar reformas que assentariam as bases sólidas de uma Síria democrática e de uma sociedade pacífica, estável, pluralista e próspera com base no direito e no respeito aos direitos humanos", acrescentou Annan.

O presidente Assad havia afirmado durante seu primeiro encontro com Annan no sábado que Damasco estava "preparado para fazer qualquer esforço sincero para alcançar uma solução", alertando que qualquer diálogo está fadado ao fracasso enquanto "grupos terroristas atuarem para semear o caos", referindo-se aos rebeldes.

Enquanto isso, as forças do governo lançavam uma violenta ofensiva contra a província rebelde de Idleb (noroeste).

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

Primeira Edição © 2011