'Vamos lá para cobrar que a Dilma [Rousseff] vete as mudanças do novo Códio Florestal', disse Bruno Stefanis diretor do Instituto Biota
Jessica Pacheco
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Em mais uma ato de protesto contra a reforma do Código Florestal, que será votado na próxima quarta-feira (7), na Câmara dos Deputados, em Brasília, o movimento #MangueFazaDiferença reúne todo o Brasil em mobilização nacional, que será realizada na capital do país, pedindo o veto da presidente Dilma ao projeto de Lei mais polêmico dos últimos anos.
A manifestação é organizada pela executora nacional da campanha ‘Mangue Faz a Diferença’, a Fundação SOS Mata Atlântica, e reúne todas as ONG’s e entidades ambientais envolvidas na causa por todo o Brasil. Dessa forma, Alagoas também terá o seu representante nessa luta pela preservação do planeta e, em especial, do ecossistema manguezal, o Instituto Biota de Conservação.
O Instituto Biota, que foi escolhido como coordenador das ações no Estado, enfrentou diversas percalços para fazer Alagoas presente nesse episódio tão importante para o país e, já neste domingo (4), o grupo alagoano embarca à caminho da capital do país.
Para falar sobre essa participação e sobre o protesto, a reportagem do Portal Primeira Edição foi até a sede do Instituto Biota, em Riacho Doce, para conversar com o diretor executivo da ONG, o biólogo Bruno Stefanis, que explicou detalhes sobre a viagem, sobre o protesto, o código florestal e a dificuldade encarada em favor da luta ambiental.
No último mês de janeiro, Fabio Motta, coordenador da Fundação SOS Mata Atlântica, entrou em contato com Bruno e explicou sobre a mobilização, convidando o Instituto Biota a ser o coordenador das ações em Alagoas.
Segundo Bruno, as ações começaram já em fevereiro, logo após a reunião em São Paulo com a Fundação SOS Mata Atlântica. A internet foi o meio escolhido. Artistas e personalidades locais foram convidadas a ‘entrar’ na ação. A idéia propostas era a pessoas segurar o banner da campanha e tirar uma foto que seria amplamente divulgada pelo internet.
“Isso saiu cativando todo mundo na cidade e foi isso que deu destaque a ação aqui”, disse Bruno.
No carnaval, o Biota também resolveu participar levar a causa e saíram com banners, faixas, distribuindo fitinhas, e informando a população e fazendo as pessoas tirarem foto com o banner da campanha.
O próximo dia 7 de março, quarta-feira, é considerado o dia ‘D’ da campanha, pois será o dia da votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, em Brasília. E foi a oportunidade que os ambientalistas encontraram em realizar uma ‘mega’ manifestação com a participação de todo o país.
Dessa forma, a SOS Mata Atlântica organizou a ida de manifestantes de todos os Estados do Brasil à Brasília. Onde, de acordo com o diretor do Biota, serão realizadas diversas apresentações culturais e discursos de pessoas ligadas a causa. “Vamos mostrar a nossa indignação com essa palhaçada que é o Código”, disse.
Apenas com o apoio da Fundação paulista SOS Mata Atlântica, Bruno explicou que nenhum outra entidade ou organização de Alagoas se compadeceu da causa. E as dificuldade encontradas para garantir Alagoas nesse mega protesto foi diversas.
“No estado de Alagoas, nenhum órgão apóia a gente. Até pedimos, procuramos, mas tudo foi negado”, explicou. “Inclusive, mandamos ofício solicitando a liberação de uma pessoa ligada a um órgão ambiental do Estado, mas foi negada, ‘pois não há interesse nessa causa’, como se ‘essa causa’ fosse só minha, só desses 39 indivíduos que estão indo representar Alagoas, e não do interesso do Estado e do Brasil como um todo”, lamentou o biólogo.
Além da falta de apoio, o Instituto também deve que driblar a falta de interesse das pessoas, que, como sempre, ó apoio a causa ‘de boca’, mas não tomam nenhuma atitude em favor dela. De acordo com ele, foi muito complicado reunir as 39 pessoas que irão representar o estado no protesto em Brasília.
“A importância é imensa, esse dia é o ápice da campanha, pois é o dia que realmente a gente vai lá pra mostrar para Dilma que a gente não quer a aprovação desse novo código, que a população é contra e que não meia dúzia de ruralistas que vão falar por todo o Brasil”, disse Bruno. “Nós estamos lidando com pessoas com de grande poder aquisitivo e a briga vai ser dura, mas a gente vai brigar até o fim”.
E para o diretor do Instituto Biota, é de inegável importância a participação da entidade alagoana nesse dia, por isso, mesmo com todas as dificuldades encontradas, o Instituto Biota irá ao Distrito Federal defender o interesse dos alagoanos e dos brasileiros.
“Serão 37 alagoanos que representaram todo Estado contra esse absurdo que é o código florestal”, disse Bruno. “Então, a gente está para pressionar mesmo a Dilma [Rousseff], e mostra que o povo do litoral, as pessoas que serão atingidas diretamente por essas mudanças, estão muito preocupadas e são contra esses artigos que envolvem a questão do mangue”, explicou Stefanis.
De acordo com o ele, o ponto alto da manifestação será quando os manifestantes procuraram os deputados federais de seus devidos Estados e cobrarão providências.
“Vamos procurar os nossos deputados federais para mostrar a nossa indignação com essas mudanças nesse código e vamos, também, solicitar o apoio deles em favor da causa”, disse.
A mobilização está marcada para o dia 7, mas os alagoanos saem de Maceió com destino à Brasília já no próximo domingo (4), pois, segundo Bruno, serão dois dias de viagem e a pretensão é chegar no dia 6 e descansar antes do ato.
Para o Bruno Stefanis, a reforma no Código Florestal Brasileiro surgiu para o interesse de poucos, que não respeitaram o código atual, estão atolados de dívidas e que querem se livrar dela. Ainda de acordo com o biólogo, o código, por diversas vezes intitulado de absurdo ou palhaçada, vai apenas continuar alimentando o bolso dos ruralistas.
“Essa anistia é uma falta de respeito com quem sempre seguiu as normas e vai favorecer quem cometeu delitos contra o meio ambiente”, disse Bruno. “Outro ponto é a redução da área de preservação permanente (APP), como leitos de rios, áreas de encosta, topos de morro. Absurdo você pegar uma área irregular, inapropriada, e dá a certificação que ela ta legal”, lamentou. “A gora a inclusão dos mangues. Alguns artigos querem retirar os mangues de áreas de preservação permanente, para beneficiar a carcinicultura [criação de camarões], que é uma praga que beneficia uma única pessoa, que é o fazendeiro”.
Segundo Bruno, os mangues, que são área pública, se tornaram particulares, e a população que precisa desse ecossistema para sobreviver, vai padecer.
“Vai pegar a área da União e privatizar, depois ainda vai restringir o acesso das pessoas à essas áreas. Esse novo código é uma absurdo. É uma meia dúzia de ruralistas que estão atoladas de dividas com a União por conta dos crimes ambientas e querem empurrar esse novo código para se livrar”, esbravejou o ambientalista. "A Dilma prometeu que não fragilizaria o sistema ambiental do país, e ela vai ter que cumprir", finalizou Bruno.
Primeira Edição © 2011