18 mil pessoas vão ficar sem tratamento do Glaucoma em Alagoas

A partir de segunda-feira haverá suspensão do tratamento para os pacientes pelo SUS

02/03/2012 07:06

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Marigleide Moura

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Os pacientes beneficiados pelo programa que trata o Glaucoma vão ficar sem atendimento a partir da próxima segunda-feira, dia 5. Em todo o Estado, 18 mil pessoas serão prejudicadas com a descontinuidade do tratamento oferecido por meio de recursos do Ministério da Saúde.

A suspensão ocorre graças a um corte de 60% nos recursos destinados ao programa.No Brasil a estimativa é que cerca de 100 mil pessoas são beneficiadas com consultas, exames e medicamentos para controlar a doença que é crônica, incurável.

Maria José de Araújo é uma das pacientes que já está preocupada com a medida anunciada. Ela recebe tratamento, em Maceió, há mais de um ano. “Não sabemos como vai ficar. Até agora, todo mundo que precisava de colírio tinha de graça, depois da consulta com o médico”, revelou.

O corte foi anunciado no final do ano passado e atinge todo o país. Agora, a preocupação dos oftalmologistas e dos pacientes refere-se aos efeitos dessa medida na saúde dos portadores da doença. Sem o medicamento fornecido pelo programa, os pacientes ficarão sujeitos a progressão da doença e, consequentemente, a cegueira irreversível.

De acordo com o médico oftalmologista, Alan Barbosa, coordenador do Departamento de Oftalmologia do Sindicato dos Hospitais de Alagoas, a descontinuidade do programa vai acontecer a partir de segunda-feira porque não foi possível sensibilizar o Ministério da Saúde sobre a gravidade do problema. “Tentamos de todas as formas, mas infelizmente não conseguimos”, lamentou o médico.

No Instituto Oftalmológico de Alagoas (IOFAL), um dos maiores centro de atendimento do Estado, as ações do programa já foram supensas desde esta quinta-feira, 1. O diretor executivo, Tibério Rocha Júnior, explicou que a paralisação no atendimento foi uma medida drástica tomada por todos os prestadores por causa da modificação das normas do programa pelo Ministério da Saúde.

"Nós lamentamos e estamos sentindo muito por tudo isso, mas infelizmente fomos obrigados a tomar essa atituide por causa da decisão do Ministério em cortar os recursos", disse Tibério.

O Iofal atende cerca de 15 mil pacientes com a doença. Segundo Tibério, essas pessoas não serão mais atendidas até que uma solução seja apresentada. "Já tentamos resolver esse problema, mas todas as tentativas foram infrutíferas. O Ministério da Saúde não foi sensível", concluiu.

Alternativas

Em nota enviada ao Primeira Edição, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que a assistência dos pacientes portadores de Glaucoma é de responsabilidade dos municípios em parceria com o Ministério da Saúde.

Ainda de acordo com a Sesau, a Sociedade Alagoana de Oftalmologia está fazendo um levantamento da situação para ser apresentado pelos gestores de Saúde de Alagoas ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde. Assim, o Conass pretende discutir junto com o Ministério da Saúde uma solução que atenda a todo o Brasil.

Já o secretário de saúde de Maceió, Adeilson Loureiro, disse que vai propor a Secretaria de Saúde do Estado anexar o colírio, que é a parte mais onerosa do tratamento, à lista dos medicamentos excepcionais. Com isso, o colírio seria disponibilizado pelo Estado por meio de recursos do Ministério da Saúde, porém a viabilidade dessa proposta ainda será discutida.

A doença

Glaucoma é uma doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, pode levar à cegueira.

No início, o Glaucoma é uma doença assintomática. A perda visual só ocorre em fases mais avançadas e compromete primeiro a visão periférica. Depois, o campo visual vai estreitando progressivamente até transformar-se em visão tubular. 

De modo geral, a doença aparece com mais frequência a partir dos 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa de idade, dependendo da causa que provocou a pressão intra-ocular mais elevada.
 

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