Governo tailandês exige revisão de aplicativo mal-educado

09/02/2012 06:21

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EFE

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O Governo da Tailândia pôs fim nos 'comentários grosseiros' de um aplicativo de smartphone com a justificativa de que o mesmo estava corrompendo os jovens e fragilizando os laços familiares no país.

A princípio, o programa chamado Simsimi, criado em 2002, era usado para o aprendizado de novos idiomas. No entanto, na atualidade muitos usuários queriam ter o tal aplicativo para manter uma conversa sem pudor com uma espécie de inteligência artificial.

No início de fevereiro, o Ministério de Informação e Comunicação Tecnológica indicou que tinha iniciado os contatos com a empresa sul-coreana responsável pelo aplicativo com o objetivo de censurar os termos 'inapropriados' no idioma tailandês para proteger integridade das pessoas.

Nesta semana, em uma nova e revisada versão, o aplicativo apagou todos os vocábulos mal educados e considerações inapropriadas sobre personagens relevantes do país.

Na lista apresentada pelas autoridades tailandesas, inúmeros insultos e desqualificações. Algumas descrições de pessoas públicas também foram retiradas, como os ex-primeiro-ministros da Tailândia Abhisit Vejjajiva, chamado de 'barata', e Thaksin Shinawatra, qualificado como 'traidor'.

A polêmica surgiu por causa das queixas apresentadas pelo Ministério de Cultura sobre a linguagem inadequada usada por este sistema de conversa, catalogada pelo departamento como 'prejudicial' pela quantidade de vocábulos vulgares que empregava.

'Os usuários têm que serem imunes a estas novas tecnologias e saber diferenciar o que é positivo ou negativo', indicou a porta-voz de Cultura, Ladda Thangsupachai.

O aplicativo Simsimi simula uma conversa escrita com o usuário mediante um sistema de inteligência artificial, que se apoia em uma base de dados com mais de 10 milhões de perguntas e respostas introduzidas pelos usuários.

'Este programa reflete os problemas da sociedade. Em vez de falar com amigos e familiares, como fazem as pessoas normal, os usuários atualmente buscam conversas com uma máquina. Isto rompe os laços familiares e a interação humana', opinou a ministra de Cultura, Sukumol Khumploem.

Apesar de preocupar as autoridades, o Simsimi se encontra há semanas na lista dos downloads mais populares na Tailândia, se transformando em uma verdadeira febre entre os jovens do país, que publicam os diálogos mais insólitos e divertidos nas redes sociais.

'Tinha visto várias conversas graciosas na página do Facebook de várias amigas. Como todos tinham, eu decidi baixar o programa em meu smartphone', explica à Agência Efe Asia Thongket, uma jovem estudante da universidade de Chulalonkon, em Bangcoc.

'Não acho que seja prejudicial para ninguém. Se você utilizar palavrões de vez em quando não significa que passará a utilizar na vida real', indica Tarnzie Rulez, outra estudante desta faculdade.

A revista 'Nation Weekend' aproveitou a popularidade deste aplicativo para parodiar a primeira-ministra do país, Yingluck Shinawatra, na capa de seu último número.

Nesta, a revista apresenta a chefe do Executivo tailandês enquanto realiza uma saudação respeitosa, com as palmas das mãos unidas, sob um título com o nome do aplicativo (Simsimi), que significa 'pessoa aborrecida e sem nada melhor que fazer' em coreano.

Esta não é a primeira vez que o Governo da Tailândia tenta censurar um aplicativo.

No final de janeiro, o Executivo celebrou a decisão do Twitter de autocensurar os conteúdos ofensivos publicados na rede social e anunciou que trabalhará com o portal para bloquear todas as mensagens que não respeitarem as leis tailandesas.

O aplicativo Simsimi conta com mais de 2,7 milhões de usuários na Tailândia e é utilizado em mais de 20 idiomas.

Primeira Edição © 2011