Itália: tripulantes foram heróis, dizem proprietários de navio

16/01/2012 09:59

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Terra

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O capitão do transatlântico que se acidentou na costa da Itália, deixando ao menos seis mortos, quebrou as regras em um erro "inexplicável", afirmou o chefe da empresa proprietária do navio nesta segunda-feira. Mas Pier Luigi Foshi, o chefe-executivo do Costa Crociere, também homenageou os membros da tripulação do Concordia Costa por seu papel no resgate dos passageiros, afirmando que todos eles "se comportaram como heróis".

"Eles conseguiram evacuar mais de 4 mil pessoas em duas horas", disse Foschi aos jornalistas em uma coletiva de imprensa em Gênova, lutando para conter as lágrimas.
O comandante do navio, Francesco Schettino, e o primeiro oficial Ciro Ambrosio abandonaram a embarcação antes que todos os passageiros fossem resgatados, e promotores italianos afirmam que podem enfrentar acusações de homicídio múltiplo.

O jornal italiano Corriere della Sera informou nesta segunda-feira que Schettino navegou com o navio perto das margens rochosas da Ilha Giglio para agradar o maitre, procedente daquela região.

Foschi afirmou que o percurso que o capitão decidiu seguir era "sua própria iniciativa, contrária às regras escritas" da empresa.

"Ele realizou uma manobra que não tinha sido aprovada por nós e nos dissociamos de tal comportamento", acrescentou. No entanto, ele afirmou que o fator humano neste episódio era "inexplicável".

Foschi também pediu prudência antes de julgar as ações do capitão após o desastre, afirmando que existem "testemunhas confiáveis" que comprovaram que ele que ficou a bordo "muito tempo".

O Costa Crociere, a maior operadora europeia de cruzeiros, afirmou em um comunicado no domingo que, aparentemente, Schettino havia "cometido erros de julgamento que tiveram sérias consequências".

"Se tivesse ocorrido um problema técnico, o alarme teria soado", disse Foschi. "Não houve problema com a segurança no navio. Ele tem características de segurança ultra-seguras".
Ele ressaltou que os inspetores visitaram o navio em dezembro e realizaram evacuações simuladas sem notar nada de anormal.

Ao responder a um jornalista, Foschi negou raivosamente que a empresa, uma subsidiária do grupo americano Carnival, tenha feito cortes no orçamento de segurança para seus navios. "Nós nunca, absolutamente nunca, planejamos esses cortes", acrescentou.

Ele previu que a empresa irá passar por um período difícil como resultado do desastre, mas acredita que sua reputação será restaurada. "Há um milhão de clientes fiéis que nos apoiam", disse ele, citando mensagens de solidariedade de ex-passageiros.

Ao estimar o custo imediato e direto do acidente em 93 milhões de dólares, afirmou que a empresa tem bases sólidas financeiramente, acrescentando: "Temos 24 mil funcionários para proteger".

"Não há dúvida sobre mudar o nome da empresa ou as suas perspectivas", disse, descartando qualquer impacto a longo prazo na indústria de cruzeiros.

Em relação ao Costa Concordia, Foschi afirmou que ainda não sabe se ele sofreu uma "perda total" ou se poderá ser recuperado para voltar ao serviço. Avisando que um resgate seria "muito difícil", disse que a empresa saberia no domingo como agir.

Naufrágio do Costa Concordia

O cruzeiro Costa Concordia naufragou na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a manhã de segunda-feira, dia 16, seis mortes haviam sido confirmadas. Outras 16 pessoas seguiam desaparecidas: dez turistas e seis tripulantes. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas não há indícios de que eles estejam entre as pessoas que ainda não foram encontradas.

Segundo as primeiras informações sobre as causas do acidente, o navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando bateu em uma rocha e começou a adernar. Houve pânico entre os passageiros, que reclamaram de despreparo da tripulação e luta por coletes salva-vidas. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele nega, mas a empresa responsável pela embarcação se posicionou confirmando a negligência do capitão.

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