Irrigado por verbas secretas, 'Beco da Propina' desgasta ainda mais Artur Lira

08/08/2022 18:48

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Romero Vieira Belo

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O deputado Artur Lira vive o pior momento de sua carreira política. Nem durante o episódio da Operação Taturana, quando foi denunciado por desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa junto com outros deputados, Lira se expôs tão negativamente como agora. Não se trata mais de troca de farpas com o senador Renan Calheiros, com quem disputa os espaços políticos em Alagoas, gerando repercussão na mídia. Lira virou alvo de artilharia pesada da imprensa nacional, sobretudo, por sua condição de presidente da Câmara. O cargo lhe deu status e prestígio, mas também lhe trouxe ‘efeitos colaterais’ de toda ordem. O malfadado ‘orçamento secreto’, por exemplo, concede-lhe a prerrogativa de distribuir muitos milhões de reais aos seus aliados políticos, mas, sem controle do uso dos recursos, parecia impossível – e isso se comprovou – evitar escândalos como o de Rio Largo, objeto de reportagem exclusiva exibida a todo o País pelo ‘Fantástico’ da Rede Globo.

Com imagens impressionantes de saques e pagamentos de propina envolvendo funcionários municipais, a matéria choca pela contundência dos fatos. E respinga sobre Artur Lira por uma circunstância óbvia: o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, é seu aliado político. Os dois são vistos por toda cidade ilustrando outdoors que exaltam a liberação de verbas (via emendas secretas) para o município, ‘contemplando’ ironicamente um dos setores mais críticos que afeta seus moradores: a saúde... Trata-se, o esquema das emendas do relator, de fonte bilionária controlada, no âmbito da Câmara em Brasília, pelo deputado alagoano.

O tal ‘orçamento secreto’, submetido aos líderes do Centrão, fez de Lira um dos personagens mais poderosos da Nação, até com mais influência do que o presidente da República. Mas o descontrole que permeia o repasse do dinheiro e os correlatos casos de malversação, transformaram Artur Lira em alvo preferencial de devastadores bombardeios midiáticos. Inclusive porque o deputado sabe para quem destina os recursos do orçamento sem transparência, mas não tem como impedir que o dinheiro vire propina repassada nos becos da bandalheira.

Primeira Edição © 2011