Carta Capital define perfil de Lira e sua fixação pelo poder

27/06/2022 10:58

A- A+

Romero Vieira Belo

compartilhar:

Artur Lira perdeu o apoio de Bolsonaro ao seu candidato a governador Rodrigo Cunha – Collor entrou na disputa e foi mais ágil, cooptando o respaldo do presidente – mas isso não lhe constrange nem preocupa, afinal, se a derrota sobreviver, nas urnas de outubro, o ‘vencido’ será o próprio Cunha.

O que importa a Lira é continuar tendo Bolsonaro como ‘chefe e aliado’, pois isso, sim, lhe rende o que nunca teve: prestígio e poder para, dentre muitas outras coisas, operar um orçamento secreto de muitos bilhões de reais, auferindo vantagens.

‘Carta Capital’ que começou a circular traz em reportagem de capa e em textos contundentes do diretor de Redação, Mino Carta, e do repórter especial em Brasília, André Barrocal, enfoques muito duros sobre a atuação de Artur Lira como presidente da Câmara, não faltando adjetivos ferinos como ‘déspota’ e ‘mandachuva’ para definir o perfil do alagoano.

A revista aborda três pontos cruciais envolvendo Lira: 1 – o uso do poder que o cargo lhe confere para usufruir benefícios pessoais; 2 – a tentativa de detonar a Lei das Estatais para permitir sua ingerência na Petrobras; 3 – as medidas diferentes que usa a seu favor e contra o deputado Glauber Braga, que quis saber, no plenário da Câmara, se Lira ‘não tinha vergonha’ de querer privatizar uma empresa como a Petrobras.

O material de Carta Capital é denso, vazado em análises consistentes, e vai repercutir em especial junto aos seguidores de Bolsonaro, pois deixa evidente que Artur Lira banca um aliado do presidente apenas para faturar as vantagens que o papel lhe proporciona. E tanto é assim que há um consenso entre os analistas políticos isentos – se Bolsonaro não reagir nas pesquisas até meados da campanha, o Centrão de Lira abandonará o barco governista sem a menor cerimônia.

Em verdade, possível fracasso de Rodrigo Cunha e do próprio Bolsonaro não afligirá Lira, pois seu real objetivo político, neste ano, já ficou bem claro: usar o orçamento secreto para garantir sua reeleição em Alagoas e recondução ao comando da Câmara.

 

MESTRE DIÓGENES COM ANTÔNIO CARLOS GOUVEIA

O mestre Diógenes Tenório Júnior registrou seu encontro com o amigo e compadre Antônio Carlos Gouveia, candidato a desembargador como representante da advocacia alagoana. “Folgo em saber dos princípios que norteiam sua campanha, sem derramamento de dinheiro, sem compra de votos e sem donos nem tutores”, disse Diógenes.  Carlos Gouveia é o advogado que, nomeado por Renan Filho, deu jeito no Detran alagoano.

 

VALOR DA BANDEIRA AUMENTA, MAS NÃO PRÁ JÁ...

Veja o que vem por aí, após as eleições: a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acaba de reajustar em até 64% o valor das bandeiras tarifárias sobre a conta de luz. O detalhe é que, com as eleições se aproximando, esse aumento não vai chegar ao bolso do consumidor de imediato, ou seja, não haverá bandeirada antes de terminar o processo eleitoral. Depois...

 

LIRA PERDE APOIO DE BOLSONARO A CUNHA

A situação não pode ser vista de outra forma: ao se proclamar candidato de Bolsonaro, e obter reciprocidade, Fernando Collor deixou o projeto estadual de Artur Lira sem o principal apoio que contava ter para reforçar a campanha de Rodrigo Cunha ao governo alagoano. O curioso nessa história é que só Lira não percebeu Collor buscaria a aliança com Bolsonaro.

 

SENADOR NUNCA ASSUMIU LADO BOLSONARISTA

A explicação para a decisão de Bolsonaro a favor de Collor é muito simples: Rodrigo Cunha nunca assumiu a condição de bolsonarista, nem mesmo quando, em 2018, disputou a eleição de senador frequentando eventos públicos de apoio à candidatura presidencial do então deputado federal do Rio de Janeiro. Collor, muito pelo contrário, deletou suas críticas ao presidente e assumiu com alarde sua condição de neo bolsonarista.

 

PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS BAIXARIA PREÇOS?

Ao defender a privatização da Petrobras, Artur Lira dá a entender que, com a Petrobras controlada pelo setor privado, os preços dos combustíveis baixarão. Pura enganação. Antes de propor esse tipo de apelação, Lira deveria explicar porque, aqui em Alagoas, a tarifa de energia elétrica explodiu exatamente depois que a Equatorial – empresa privada – assumiu a distribuição.

 

A AGONIA DE UMA LEGENDA SEM RUMO

Partido agonizante em todos os sentidos, o PSDB anda feito barata tonta, sem rumo, seu objetivo, sem nada. Depois de oficializar aliança com o MDB para apoiar o projeto presidencial da senadora Simone Tebet, o tucanato deu meia-volta e se recompôs com o União Brasil, de Luciano Bivar. Agora, a deputada Jó Pereira poderá ser vice de Rodrigo Cunha.

 

Primeira Edição © 2011