Romero Vieira Belo
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Quando entrou na Justiça para barrar a eleição indireta do novo governador de Alagoas, o grupo do deputado Artur Lira (PP) e do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) tinha como objetivo, não resolver problemas do Estado, mas retardar ao máximo (a expectativa era de dois meses de paralisação do pleito) a chegada do deputado Paulo Dantas (MDB) ao governo do Estado.
Lira perdeu. O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo, até suspendeu a realização do pleito inicialmente marcado para às 10 horas do dia dois de maio, na Assembleia Legislativa, mas apenas uma semana depois a estratégia de Artur Lira caiu por terra: o ministro Gilmar Mendes, relator do recurso impetrado pela oposição, e apenas com algumas alterações no edital, decidiu pela imediata convocação do processo eleitoral.
Mendes ordenou mudança em dois pontos do edital original:
1 – A eleição do governador não poderia ser separada da do vice, devendo a chapa ser uma como nas eleições convencionais;
2 – Qualquer cidadão poderia concorrer, mas desde que filiado a um partido político e sem pendências com a Lei da Ficha Suja.
A atitude mesquinha do grupo de Rodrigo Cunha e Artur Lira colocou Alagoas, durante uma semana, em situação de ‘anomia’ ou de ‘anomalia constitucional’, uma vez que a interinidade do desembargador Klever Loureiro, presidente do Tribunal de Justiça, no exercício do governo acabou exatamente no dia dois de maio, data da eleição do governador-tampão. Oficialmente, o Estado ficou sem governador, apenas com alguém 'respondendo' pelo cargo....
A derrota de Lira e Cunha ocorreu não apenas pela decisão do Supremo Tribunal de mandar realizar a eleição ‘de imediato’, mas também porque, enquanto durou a ordem de suspensão, o nome do deputado Paulo Dantas foi tão mencionado quanto o do senador Renan Calheiros, presidente do MDB, e do próprio Artur Lira que pretendia, não corrigir nada, mas simplesmente evitar que Paulo Dantas ganhasse visibilidade, já que, além de se eleger governador-tampão, concorrerá à sucessão estadual em outubro.
Venceu a batalha - na Justiça e no voto - o senador Renan Calheiros, junto com Paulo Dantas, Marcelo Victor, Renan Filho e a quase totalidade dos deputados estauais.
E o povo alagoano, principalmente.
Primeira Edição © 2011