O monstro que ameaça Bolsonaro está solto...

13/09/2021 18:08

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Romero Vieira Belo

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Não fosse pelo notório ‘apego ao cargo’, Paulo Guedes já teria deixado o Ministério da Economia. E faria, com o gesto, um enorme favor ao povo brasileiro e ao próprio Bolsonaro, que lhe confiou as diretrizes da política economia de seu governo.

As reformas propostas por Guedes não passam como deveriam e a realidade se choca com suas previsões. A da Previdência, draconiana, deveria sanear as finanças do Planalto, mas isso não aconteceu. A tributária é um rolo só e a administrativa – uma punhalada no peito dos servidores públicos – não vai passar como ele desejava, com o fim da estabilidade.

Mas o erro capital de Guedes foi apostar na alta do dólar, pois a disparada do câmbio ampliou as exportações, e o mercado interno, com a oferta reduzida, viu os preços pipocarem. No início, falava-se em arroz, feijão e óleo de soja. Depois veio a carne bovina, que puxou a cotação do frango, do porco e até do pescado. A partir daí – e com a alta contínua da energia elétrica e dos combustíveis – a inflação voltou com celeridade.

E voltou turbinando os preços em geral. Significa que a população em geral – e os mais pobres em particular – está com o poder aquisitivo se deteriorando rapidamente. E o pior, no momento em que, enfrentando dificuldades, a economia busca se recompor superando os efeitos danosos da pandemia.

É um monstro. Como diziam os governos anteriores ao Plano Real, a inflação é um monstro devora tudo. Desorganiza a economia e, a partir daí, começa a corroer os salários. Com a renda comprometida e a qualidade de vida se decompondo, restaria à classe trabalhadora a mobilização (leia-se greve) por reajustes. Foi assim, pelo menos, nos tempos do descontrole inflacionário, da guerra entre preços e salários.

É tema que exige digressão robusta, mas o presente resumo basta como advertência ao capitão: os mortes da pandemia pesam, claro, mas são o custo maior de uma doença fatídica. A falta de comida no prato, entretanto, não será vista como maldição epidêmica, e sim como fruto de política econômica incompetente. Essa será a percepção popular. O monstro está solto...

 

PRIVATISTA, MAIA CRITICA REAJUSTE DA ÁGUA

O deputado Davi Maia (oposição) criticou o reajuste de 8,085% aprovado pela ARSAL para a tarifa de água e esgoto. Tratou-se de reposição para compensar a inflação dos últimos 12 meses. Maia, só para lembrar, defendeu a concessão dos serviços da Casal à iniciativa privada. Por outro lado, não teve a mesma veemência para criticar o reajuste tarifário da conta de luz.

 

JÓ PEREIRA RECEBE TÍTULO DE EMBAIXADORA

Coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio, a deputada Jó Pereira acaba de receber o título de ‘Embaixadora do Comércio Exterior – Comex - de Alagoas. A distinção foi entregue pelo presidente da Câmara de Negócios Internacionais (CNIA) Luizandré Barreto, durante cerimônia no Hotel Intercity, na Ponta Verde.

 

BRASIL PRECISA ABOLIR REELEIÇÃO AUTOMÁTICA

Instituída no governo de Fernando Henrique Cardoso, a reeleição para cargos executivos (prefeito, governador e presidente) tem produzido males terríveis ao Brasil. Por exemplo: toda crise institucional do momento tem como causa o desejo de Bolsonaro de ser reeleito. Aliás, JB começou a falar em reeleição alguns meses após assumir a presidência. Agora, ele radicaliza ao dizer que só aceita a vitória. Que democracia é essa?

 

VACINADOS PODEM IR AO ESTÁDIO DE FUTEBOL?

Ao vetar jogos do Flamengo com torcida no Maracanã, a CBF coloca em descrédito a eficácia da vacinação contra Covid-19. Simples: a Prefeitura do Rio de Janeiro condicionou o acesso ao estádio à apresentação de certificado de vacinação. Ora, se ainda assim há risco de transmissão do coronavírus, onde está a proteção oferecida pelas vacinas?

 

NÃO EXISTE RISCO DE INTERVENÇÃO MILITAR

As bravatas de Bolsonaro não vão levar o Brasil a uma ruptura institucional, muito menos a uma intervenção militar. As Forças Armadas estão coesas, unidas, e conscientes de seu papel.  Intervenção com que objetivo? ‘Levar’ Bolsonaro para onde ele já está? Além do mais, não há clima para militarização do regime.

 

UM FILME JÁ VISTO NOS ESTADOS UNIDOS

Em verdade, enxerga-se um paralelo entre a atual situação de Bolsonaro e a vivida pelo ex-presidente Donald Trump. Abatido pela postura que assumiu frente à pandemia, Trump denunciou fraude eleitoral e também exercitou bravatas. No final, deu Joe Biden, e Trump, choramingando o tempo todo, acabou aceitando a derrota eleitoral – com voto impresso...

 

Primeira Edição © 2011