Noite de protestos no Chile termina com 1 morto e 580 detidos

19/10/2020 13:16

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EFE

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Uma morte ocorrida em um tiroteio e cerca de 580 detidos, foi o saldo de uma noite de extrema violência no Chile, em que duas igrejas da capital foram queimadas e saques e barricadas foram registrados em todo o país durante a comemoração do primeiro aniversário da chamada "explosão social".

O subsecretário do Interior, Juan Francisco Galli, informou que uma pessoa foi baleada em Pedro Aguirre Cerda, nos arredores de Santiago, durante um ataque a uma viatura da polícia e posteriormente morreu no hospital, um incidente que ainda está "sob investigação".

"Tarde da noite não houve mais manifestações, não havia mais pessoas na Praça Itália, mas os atos graves de violência continuaram", disse Galli.

Do número total de detidos, 287 foram presos em Santiago, entre eles um militar da Marinha que, segundo a instituição, "estava em dia de folga" quando foi preso após participar de excessos.

Houve também vários saques, danos a 50 viaturas da polícia e um total de 116 policiais feridos, seis deles gravemente, de acordo com o balanço oficial.

"Não se pode ser ambíguo acerca dessa violência. Quando você é ambíguo com a violência, você permite que ela seja usada como desculpa para demandas legítimas", acrescentou o subsecretário.

O primeiro santuário a ser queimado foi a Igreja de São Francisco de Borja, usada regularmente pela polícia dos Carabineros para cerimônias institucionais, e horas depois foi a Igreja de Assunção, uma das mais antigas da capital, com mais de um século e meio de existência.

As imagens da cúpula deste último templo em chamas desabando, em meio a aplausos e gritos de um grupo de manifestantes, viralizaram nas redes sociais e foram reproduzidas pela mídia de todo o mundo.

As igrejas incendiadas ficam nos arredores da Praça Itália, epicentro da onda de protestos que estourou há apenas um ano e que ontem foi palco de uma das maiores concentrações neste ano.

Os excessos, que começaram no final da tarde e se espalharam por outras cidades como Antofagasta, Concepción, Valparaíso e Viña del Mar, aconteceram após um dia de festividades em um clima muito tranquilo e familiar, com dezenas de milhares de pessoas portando bandeiras e cartazes em prol de uma maior igualdade social.

No dia 18 de outubro do ano passado, eclodiram os mais graves motins no Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, com cerca de 30 mortos e milhares de feridos, e que foram suspensos durante vários meses devido à pandemia.

O aniversário aconteceu uma semana antes de 14,5 milhões de chilenos decidirem em um plebiscito histórico - acordado pelas forças políticas para encerrar a crise - se querem substituir a atual Constituição, herdada da ditadura. EFE

Primeira Edição © 2011