França tenta minimizar clima tenso por protestos pela morte de jovem negro

03/06/2020 19:11

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EFE

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O governo da França pediu calma nesta quarta-feira, buscando conter o clima de tensão em que vive o país desde ontem por conta de uma manifestação pela morte de um jovem negro em 2016 sob custódia policial, que terminou em tumultos.

"Não há violência estatal instituída em nosso país. Há uma investigação judicial em andamento. Confiamos no sistema judiciário para apresentar todos os esclarecimentos e, se necessário, um julgamento", disse a porta-voz do governo Sibeth Ndiaye.

O protesto de ontem, em frente ao Tribunal de Paris, foi convocado após a descoberta de um relatório forense que atribui a morte do jovem Adama Traoré, em 2016, a brutalidade durante sua detenção, no norte de Paris.

Após uma perseguição policial, o jovem então com 24 anos foi preso em Beaumont sur Oise e imobilizado no chão com uma técnica policial que, segundo sua família, causou sua morte horas mais tarde, hipótese que não é confirmada pelos relatórios de peritos realizados pelo sistema judicial, que apontam para causas naturais.

"Sua morte foi um drama que provocou uma emoção legítima que anos depois ainda está presente", admitiu a porta-voz, lembrando que o protesto de ontem não foi autorizado, pois grandes grupos de pessoas poderiam ser um vetor para a transmissão da Covid-19.

A manifestação reuniu mais de 20 mil pessoas, de acordo com a polícia, e embora tenha sido realizada sem incidentes no início, acabou sendo dispersada com gás lacrimogêneo por parte dos agentes, depois que alguns participantes promoveram atos de vandalismo nas ruas.

A porta-voz pediu para que a situação na França não fosse comparada ao que ocorre nos protestos nos Estados Unidos nos últimos dias, depois que George Floyd, um negro de 40 anos, morreu de asfixia devido à pressão exercida em seu pescoço pelo joelho de um policial branco.

"A situação nos dois países não é comparável, nem por causa de sua história nem em termos da organização da sociedade. Peço que esse assunto seja tratado com muita cautela", concluiu Ndiaye. EFE

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