A fórmula de Paulo Guedes para turbinar a economia

04/05/2020 19:11

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Romero Vieira Belo

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Sem manjar patavinas de economia, como ele próprio vive a repetir, Jair Bolsonaro escolheu Paulo Guedes para formular seu programa econômico durante a campanha presidencial. A vitória nas urnas não apenas fez de Bolsonaro presidente, como consagrou a visão programática do formulador. Guedes passou a ser visto como um ‘gênio’, candidato a Nobel de Economia...

A melhoria dos indicadores econômicos, já no início do atual governo – avanço natural de um País que vinha emergindo dos porões recessivos – vendeu a impressão de que as ideias de Guedes eram de fato, revolucionárias, de eficácia inquestionável. Essa foi, inclusive, o entendimento inicial do colunista.

Com o passar dos meses, os passos de Guedes e suas ações no governo revelariam outra realidade: o plano econômico do governo se apoia, basicamente, no corte de gastos. Resultado: não tem recursos para investimento, para retomar obras inacabadas, para sequer tocar programas como o Minha Casa Minha Vida.

O ministro Paulo Guedes, aos poucos, revelou-se um defensor ardoroso da criação de impostos. Sua obsessão, até aqui rejeitada por Bolsonaro, mas que deve ganhar força quando o governo exibir o laudo financeiro da pandemia, é a recriação da CPMF, com outro nome, mas com a mesma voracidade e extensão.

Em suma: cortar salários de servidor público, manter congelada a tabela do Imposto de Renda (fórmula enviesada de elevar a tributação), podar verbas de obras essenciais da infraestrutura e, para fechar o projeto genial, criar um novo Imposto do Cheque.

Onde, em que ponto, em que item se esconde a genialidade? É como se alguém, apresentando-se como dotado de inteligência e espírito inovador, propusesse melhorar as condições de vida da população ao preço de uma medida simples e de efeito coletivo: criando ou aumentando impostos – ou fazendo as duas coisas.

Guedes se sustenta com apoio de banqueiros, investidores da Bolsa de Valores, financistas, essa gente. E ainda não constrangeu Bolsonaro, nem quando humilhou publicamente as empregadas domésticas, num lance de odioso preconceito social.

A PREMONIÇÃO DE COLLOR EVOLUINDO...

Em novembro, Fernando Collor declarou que o impeachment de Jair Bolsonaro era ‘uma possibilidade’. Semana passada, em entrevista ao UOL, o senador e ex-presidente avaliou o processo de impedimento como ‘desenlace anunciado’. E descreveu justamente o que lhe aconteceu no turbulento ano de 1992...

 

GASPAR E O PODEROSO INIMIGO INVISÍVEL

Por essa, claro, o xerife não esperava. Depois de renunciar ao Ministério Público Estadual, onde combateu a corrupção e o crime organizado com destemor, Alfredo Gaspar de Mendonça se municiou de determinação para disputar a Prefeitura de Maceió. E não é que um sujeito invisível (o novo corona) ameaça interromper o calendário de sua trajetória rumo à Prefeitura? “Projeto apenas adiado”, bradam seus fãs e aliados.

 

RENAN: ‘INVESTIGAR ESCATOLOGIA EXPLÍCITA’

Do senador Renan Calheiros: “Prioridade é saúde. Mas as instituições devem investigar a escatologia explícita. Moro é transgressor confesso. Vazou áudios ilegais, grampeou advogados, escalou quem perseguir, desobedeceu soltura judicial, conspirou contra democracia. Invocar estado de direito agora é hipocrisia”.

 

PARLAMENTARISMO PODERIA SER OPÇÃO

Com crise sucedendo crise, em meio a um presidencialismo agonizante, já se impõe novo debate sobre o parlamentarismo. Até porque, quando um presidente se isola, como atualmente, o Congresso Nacional assume a iniciativa das ações, e isso, na prática, já representa uma realidade ‘quase’ parlamentarista.

 

OPOSIÇÃO NÃO AGE COMO AMIGA DO GOVERNO

O governador Renan Filho tem tido um desempenho irretocável nesses tempos de pandemia. Na saúde, na gestão do Estado, no apoio aos municípios e às populações mais carentes. Agora, não existe oposição amiga. Logo, sempre vai aparecer deputado oposicionista enxergando ‘falhas’ nas ações do governo.

 

FÁCIL, EXTREMAMENTE FÁCIL...

O governo federal, sob a orientação de Guedes, se habituou a tirar de João para dar a José. Pois foi isso que decidiu fazer ao propor que o Congresso congele os salários dos servidores públicos (que já estão congelados) por mais 18 meses. O dinheiro da economia seria destinado ao socorro a estados e municípios.

 

SERÁ QUE EXISTE UMA ‘LINHA MARGINOT?’

Segundo o Ministério da Saúde, até agora casos da Covid-19 foram confirmados em 200 municípios em todo o País. Seria um número razoável se o Brasil não tivesse cerca de 5.600 municípios, quase todos interligados e com acesso aos grandes centros. E aí, qual a explicação para o ‘fenômeno’?

 

Primeira Edição © 2011