Condado do Bronx, de maioria latina, é afetado duramente pelo coronavírus

16/04/2020 13:14

A- A+

EFE

compartilhar:

O Bronx, condado de Nova York com 56,4% de sua população latina e um alto nível de pobreza, está sendo duramente atingido pelo novo coronavírus, que já matou de mais de 1 mil pessoas e infectou mais de 23 mil dos moradores do distrito do norte de Manhattan.

Há na região mais mortes por Covid-19 que em todo o estado de Connecticut, por exemplo. Somam-se à pobreza condições de saúde como hipertensão, doenças cardíacas, diabetes e asma, entre outras que afetam particularmente a comunidade latina e os afro-americanos e os tornam mais vulneráveis ao SARS-CoV-2.

Segundo dados do Departamento da Saúde da cidade, 1.371 das 1.512 vítimas do vírus até o momento no condado tinham condições subjacentes.

LATINOS E NEGROS SÃO OS MAIS AFETADOS.

"Sabemos que os latinos e afro-americanos são os que estão morrendo em grande número", disse à Agência Efe o presidente do condado, considerado o mais pobre do país, Rubén Díaz.

"Sempre disse que nossas comunidades estão sofrendo em termos de saúde, não há dúvida, vimos isso quando houve a doença do legionário, pela qual 16 pessoas morreram em uma semana", acrescentou o líder de origem porto-riquenha ao lembrar o surto que ocorreu em Nova York em 2019.

Díaz enfatizou que no Bronx, onde a maioria da população latina é dominicana hoje em dia, seguida pelos porto-riquenhos, há muitas doenças. "Quando há gripe, legionário ou agora o coronavírus, nós sofremos mais e há mais mortes", destacou.

De acordo com as informações mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde, foram confirmados 23.423 casos e 1.512 mortes no condado, o que o coloca como o terceiro mais afetado. A liderança é do Queens, seguido por Brooklyn, que são mais populosos.

Queens, com 33.616 casos até o momento, tem 2,29 milhões de residentes, e Brooklyn, com 28.183 positivos, tem 2,6 milhões. No Bronx, vivem cerca de 1,6 milhão de pessoas.

BRONX É MAIS AFETADO DEVIDO A CONDIÇÕES DE SAÚDE.

Um estudo do Furman Center, da Universidade de Nova York, divulgado na última sexta-feira, destaca que há uma grande disparidade nas taxas de mortalidade nos cinco condados da cidade.

Ele observa que o Bronx tem visto a maior taxa de mortalidade per capita, que pode resultar das condições de saúde subjacentes, que aumentam os riscos ou limitam o acesso aos cuidados de saúde. Ele também observa que há taxas confirmadas mais elevadas do vírus em áreas onde a população não pode trabalhar de casa.

Díaz afirmou pediu às autoridades municipais para informarem o mais rápido possível a origem étnica e onde os mortos viviam, a fim de conhecer as áreas mais afetadas pela pandemia. Ele observou que a única informação conhecida sobre as infecções é o mapa que identifica a área postal, e lembrou que só na semana passada a Secretaria de Saúde publicou que os hispânicos, com 34%, e os afro-americanos, com 28%, lideram as mortes por coronavírus na cidade.

"Os casos positivos não contam toda a história do Bronx e nem todos fizeram o teste, nem podem fazê-lo, porque não há testes suficientes", lamentou o presidente do condado, endossando uma reclamação feita diariamente pelo governador de Nova York, Andrew Cuomo, pelo prefeito da cidade homônima, Bill de Blasio, e por outros líderes regionais.

"Precisamos de mais testes, especialmente em áreas onde as pessoas não podem dirigir (os testes são feitos com pessoas no carro". Identificamos mais áreas no Bronx Norte e Sul, uma área que, além da pobreza, enfrenta problemas de poluição do ar e altos níveis de asma", destacou.

Os bairros de Morrisania, no sul, e Highbridge, no oeste, com altos índices de asma, estão entre as áreas mais afetadas pelo vírus.

"Há um alto nível de hipertensão, de asma, de diabetes, e por isso há um alto número de mortes porque o vírus ataca impiedosamente aqueles que têm esses problemas", acrescentou.

IDOSOS FORMAM GRUPO MAIS VULNERÁVEL.

Diaz, que preside o Bronx desde 2009, também manifestou sua preocupação com os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, lembrando que 22 mortes foram registradas em oito dias em um asilo. Há ainda os óbitos ocorrendo em asilos entre pessoas que não foram diagnosticadas com o vírus.

Ele acrescentou que o SARS-CoV-2 terá um grande impacto econômico em uma região onde mais de 40% da população vive abaixo do nível de pobreza.

"Quando a economia (americana) tem tosse, temos pneumonia no Bronx. Quando cheguei aqui há 11 anos, o desemprego estava em 14,2% e há uma década vem diminuindo. Antes da crise, era menos de 5%. Agora deve ser a 20% ou mais. Mas, por enquanto, temos que nos concentrar em salvar vidas", frisou.

"Estamos em uma crise pela qual ninguém estava preparado, e não sabemos como será nossa vida depois deste episódio horrível da história", finalizou. EFE

Primeira Edição © 2011