Romero Vieira Belo
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Ao final do primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro, ficou muito claro, cristalino, que a grande liderança brasileira da atualidade chama-se Sérgio Moro. O ministro da Justiça conquista
as pessoas pelo que diz – e tudo que diz procede de reflexões, do conhecimento de causa e de convicções – mas, sobretudo, pelo que faz. Por isso todas as pesquisas divulgadas ao longo de 2019 mostraram Moro com mais de 75% de aprovação popular.
Isso significa que não é Lula, nem qualquer de seus postes, não é o buslesco Ciro Gomes ou mesmo uma eventual ‘liderança emergente’, como João Doria, que faz sombra a Bolsonaro – um presidente irrequieto, boquirroto, que já nos primeiros meses do mandato começou a falar em..., isso, em reeleição.
Bolsonaro até seria uma opção viável para a sucessão de 2022, não fossem as confusões que ele se habituou a fazer e as medidas que, como presidente tem adotado de forma açodada e precipitada, obrigando-se, o tempo todo, a recuar disso e daquilo. Não fossem, também, as posições que assumem em defesa dos filhos, a exemplo de manutenção da figura do ‘juiz de garantias’ no projeto anticrime de Moro – algo que contraria frontalmente a opinião pública, mas atende ao interesse pessoal de Flávio Bolsonaro, o senador acusado da tal ‘rachadinha’ nos tempos em que era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Tudo isso é fato e serve justa e precisamente para polir e dimensionar a figura de Sérgio Moro. O presidente sente isso e logo se dará conta de que vai precisar ‘se livrar’ de seu ministro mais importante, única condição previsível para tocar adiante seu projeto – um desafio – de repetir o mandato presidencial.
Como fazê-lo? No final do ano que se inicia um novo ministro terá que ser escolhido para suceder Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal. Será uma ótima chance de emplacar Moro na Suprema Corte, tirando-o de vez de seu caminho rumo à reeleição. Apesar das conhecidas objeções, o Senado deverá sancionar a escolha do ex-juiz da Lava-Jato. Outro ministro do STF, Celso de Mello, será substituído em julho de 2021.
Será mais uma vaga para um ministro contrário ao trio Gilmar-Lewandowski-Tóffoli, mais previsível reforço para a Lava-Jato.
Primeira Edição © 2011