Paris, Berlim e Londres abrem as portas para deixar acordo nuclear com o Irã

14/01/2020 16:35

A- A+

EFE

compartilhar:

França, Alemanha e Reino Unido abriram as portas nesta terça-feira para abandonar o acordo nuclear com o Irã depois de recorrer ao mecanismo de solução de controvérsias sobre o que consideram ser uma "violação iraniana" de seus compromissos.

Em um comunicado conjunto, os ministros das Relações Exteriores dos três países europeus dizem que Teerã "não respeita seus compromissos" e, portanto, recorrem à comissão conjunta para resolver os desacordos, que devem ser resolvidos em menos de 35 dias sobre as queixas apresentadas.

Paris, Berlim e Londres consideram injustificado que Teerã ultrapasse os "limites significativos" contidos no pacto, devido ao fato dos Estados Unidos terem deixado o acordo em maio de 2018.

A esse respeito, lembram que o Irã não recorreu aos mecanismos de resolução de litígios incluídos no acordo e preferiu anunciar publicamente que não respeitaria alguns de seus compromissos.

Com esta decisão, esses três países asseguram que não querem aderir a campanha de "pressão máxima" contra o Irã e apontam que seu objetivo é preservar o acordo por meio dos canais diplomáticos.

"Esperamos devolver ao Irã o pleno respeito por seus compromissos", dizem os signatários, convencidos da validade desse "histórico acordo multilateral internacional e de sua contribuição para a não-proliferação".

Apesar dos "esforços redobrados" dos três países europeus para garantir que todas as partes respeitem o acordo, "o Irã continua violando limites importantes estabelecidos no acordo", os quais "têm implicações crescentes e irreversíveis em termos de proliferação".

"Não aceitamos o argumento de que o Irã estaria autorizado a cessar parcialmente a implementação de seus compromissos", disseram os ministros, lembrando de que em várias ocasiões eles exigiram que Teerã recuasse.

Diante desses avisos, o regime iraniano continuou a violando o acordo e, no último dia 5, anunciou que não respeitaria o limite de centrífugas de urânio imposto no acordo e que "seu programa nuclear não estaria sujeito a nenhum limite operacional de enriquecimento".

França, Alemanha e Reino Unido alegam "não ter escolha" a não ser pressionar o Irã ativando esse mecanismo de reclamação, previsto no artigo 36 do acordo, que abre a priori um período de 35 dias - que pode ser prolongado por acordo mútuo - para resolver as diferenças.

Se suas queixas não forem satisfeitas, o assunto passaria ao Conselho de Segurança da ONU, onde, se não houver consenso, as sanções impostas ao Irã antes do acordo seriam reativadas automaticamente, sem a possibilidade de veto por qualquer membro permanente.

Primeira Edição © 2011