Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas, divulgado pelo periódico The Lancet Global Health, constatou que os bebês que foram amamentados por mais de um ano tiveram, em média, 3 pontos a mais de QI, 10% mais escolaridade e 33% mais renda do que os que mamaram por menos de um mês.

A pesquisa acompanhou, ao longo de 30 anos, 3.500 pessoas que nasceram na região de Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1982. Mesmo com provas de diversos benefícios da amamentação para a inteligência e o desenvolvimento cerebral, antes deste resultado, havia dúvidas se estes benefícios se refletiam na idade adulta.

Os pesquisadores gaúchos tomaram o cuidado de escolher recém-nascidos de diferentes classes sociais, para que o resultado final não fosse influenciado por fatores externos e, assim, fosse obtido um resultado mais preciso sobre os efeitos do período de amamentação.

Os bebês foram divididos em cinco grupos, de acordo com a duração do período de aleitamento: até 1 mês, entre 1 e 3 meses, entre 3 e 6 meses, entre 6 e um ano e os que mamaram por mais de um ano. Depois disso, ao longo do período analisado, foram aplicados testes de QI e questionários abordando a escolaridade e a renda.

Acredita-se que a proporcionalidade entre a inteligência e o tempo de amamentação esteja relacionada à grande quantidade de ácidos graxos saturados de cadeia longa presente no leite materno, nutriente chave no desenvolvimento de nossos neurônios. Além disso, há o maior fortalecimento do vínculo entre a criança e a mãe, o que também colabora.

Diversos outros benefícios da amamentação já são bastante conhecidos: melhora do sistema digestivo, fortalecimento da arcada dentária, prevenção de problemas na fala e de doenças alérgicas e contagiosas e diminuição dos riscos de doenças raras, como Crohn e Linfoma. E não é só o bebê que sai ganhando com a amamentação. A mãe ganha mais proteção contra a osteoporose, diminui o sangramento pós-parto e reduz o risco de ter câncer de mama, ovário e endométrio.

Por todos esses motivos, o período de amamentação é um dos mais importantes de nossas vidas. Quando um bebê se recusa a mamar, é importante procurar ajuda ou tentar novos métodos e posições. Se a mãe passar algumas horas do dia longe do filho, é essencial ter uma bomba tira-leite manual para realizar o armazenamento do leite e não prejudicar o desenvolvimento da criança.

Mesmo com tantas vantagens comprovadas por pesquisas, a amamentação prolongada ainda divide opiniões – a população é preconceituosa com crianças que mamam por muito tempo, guiada pelo senso comum.