Homenagem à Marta atenta contra lei e revela bairrismo barato ao desconsiderar Pelé

17/09/2019 12:53

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Romero Vieira Belo

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Em sua sessão ordinária de 12 de setembro, a Assembleia Legislativa de Alagoas aprovou o projeto de lei que retira o nome Estádio Rei Pelé para colocar o de Estádio Rainha Marta na praça de esportes do Trapíche da Barra.

Ante a insistência da maioria dos deputados, o Primeira Edição resolve adotar uma posição firme e clara, contrariamente ao capricho mudancista que, em momento infeliz, foi aventado pelo ex-deputado Temóteo Correra, e acabou sendo vetado.

Inaugurado em 1970 com o nome de Estádio Rei Pelé, a maior praça de esportes de Alagoas continuará sendo chamada pela denominação atual, que homenageia o maior jogador de futebol da história, em todas as matérias pertinentes publicadas pelo Primeira Edição em versão impressa e digital.

Este jornal – o mais tradicional semanário do Estado – se recusa terminantemente a compactuar com uma atitude mesquinha, típica de bairrismo interiorano e que, a rigor, não passa do exercício de ‘política menor’ voltada para descabida promoção pessoal.

O Primeira Edição entende, como já assinalado em reportagem anterior, que a cassação do nome Rei Pelé constitui grosseira descortesia ao mais famoso desportista do Brasil e um dos maiores do mundo, e afronta o ordenamento legal vigente, que proíbe a nomeação de bens públicos com o nome de pessoas vivas.

A jogadora Marta Vieira da Silva, aliás, merece a homenagem do povo alagoano e brasileiro, mas não um tributo controverso, antiético e ruinoso, decorrente de um gesto que agride a razoabilidade e viola o princípio legal da impessoalidade, consagrado no texto da Constituição Federal.

Diante da aprovação, pelos deputados estaduais, em segundo turno, do projeto de lei que bane o título Estádio Rei Pelé para em seu lugar esculpir o de Estádio Rainha Marta, o Primeira Edição faz aqui uma conclamação dirigida a três segmentos:

1 – Ao governador Renan Filho, para que vete integralmente o projeto em questão, reeditando o gesto altivo e republicano de seu antecessor Teotonio Vilela Filho;

2 – Ao Ministério Público para que, cumprindo seu papel de defender a sociedade (que não foi ouvida nesse episódio) e o respeito ao ordenamento legal vigente, recorra de imediato ao Judiciário, caso a matéria aprovada venha a ser sancionada;

3 – Aos integrantes da crônica esportiva alagoana – repórteres, comentaristas, narradores, fotógrafos, cinegrafistas e apresentadores de programas esportivos do rádio e da televisão – para que, assim como o Primeira Edição, continuem chamando a Arena da Av. Siqueira Campos pelo seu nome original de Estádio Rei Pelé.

A alagoana Marta, com seis títulos de melhor do Mundo, merece nossa homenagem, justa homenagem, mas sem vinculação com politicagem e, sobretudo, sem afrontar a lei, pois, na hipótese que está em curso, deixa de ser homenagem para significar uma atitude de desrespeito à tradição e à uma determinante legal.

 

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