Agricultura e preservação ambiental podem andar juntas

23/08/2019 18:14

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Agência Brasil

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Pesquisadores da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e do Instituto Internacional para Sustentabilidade divulgaram hoje, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um resumo do relatório Restauração de Paisagens e Ecossistemas que poderá ajudar nas decisões políticas sobre recuperação e uso sustentável de solos degradados no país.

O estudo mostra que é possível recuperar 12 milhões de hectares de terras, ter desmatamento ilegal zero e ainda liberar mais de 30 milhões de hectares para o aumento da produção agrícola.

“Não é por falar em restauração que vamos perder a área produtiva. São áreas sinergéticas. Plantios próximos de florestas vão trazer mais polinizadores e maior ganho econômico. O relatório mostra que a recuperação do solo degradado é viável”, disse o  coordenador do projeto, Renato Crouzeilles, professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Crouzeilles, tanto o relatório como o sumário apontam caminhos que mostram que "isso é realizável e não apenas um desejo".

O  estudo foi feito por 45 pesquisadores de 25 instituições públicas e privadas e teve como base artigos científicos, relatórios técnicos e casos de sucesso comprovado. Daqui a um mês, será entregue a representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). O resumo, no entanto, já está disponível online.

Solo

 O Brasil tem atualmente pastagens totalmente improdutivas, com menos de uma cabeça de gado em área de extensão equivalente a um estádio do Maracanã, informou o pesquisador. "Se fizermos uma intensificação da pecuária, vamos conseguir recuperar a produção nos próximos anos", disse.

“O que a gente quer é uma paisagem diversificada. Ter agricultura, pecuária, mas também floresta em pé, restauração acontecendo. Há empregos a serem gerados, benefícios sociais, econômicos e ambientais."

A estimativa é que essa sinergia entre meio ambiente e agricultura, com base na restauração de solos degradados, incremente a produtividade agrícola nacional em até 90%. "A projeção é extremamente positiva, uma vez que o Brasil perdeu 70 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos."

Na avaliação de Crouzeilles, é fundamental que haja a conscientização do governo sobre a sinergia entre meio ambiente e agricultura, o que pode elevar a qualidade ambiental, econômica e social do país, vitais para o enfrentamento das mudanças climáticas.

Primeira Edição © 2011