Putin, Erdogan e Rohani iniciam cúpula tripartite sobre Síria

14/02/2019 17:56

A- A+

EFE

compartilhar:

Os presidentes de Rússia, Turquia e Irã - Vladimir Putin, Recep Tayyip Erdogan e Hassan Rohani, respectivamente - iniciaram nesta quinta-feira uma cúpula trilateral sobre a Síria com o desejo de dar um impulso à resolução do conflito no país.

No início da reunião no balneário russo de Sochi, às margens do Mar Negro, a quarta reunião ao mais alto nível dos Estados garantidores do cessar-fogo decretado em dezembro de 2016 na Síria conhecido como processo de Astana (Cazaquistão), Putin considerou que "a interrupção de hostilidades está sendo cumprida em praticamente todo o país e o nível da violência está diminuindo constantemente".

Não obstante, Putin disse que é necessário chegar a um acordo para "garantir a redução da tensão em Idlib", a única região importante que ainda está nas mãos das milícias rebeldes.

Esta província, segundo o presidente russo, mantém o cessar-fogo, mas "isto não significa que tenhamos que aceitar a presença de grupos terroristas".

Por isso, o chefe do Kremlin propôs que sejam "avaliados passos práticos concretos" que Rússia, Turquia e Irã possam dar conjuntamente "para destruir totalmente o foco terrorista" em Idlib.

Rússia e Turquia chegaram a um acordo em setembro do ano passado para estabelecer uma zona de segurança e a criação de uma área desmilitarizada em torno dela, uma medida que ainda não teve sucesso até agora.

O anfitrião da cúpula também mencionou o recente anúncio dos Estados Unidos de retirar seus soldados destacados no nordeste da Síria, ao afirmar que os problemas de segurança nessa região "devem ser resolvidos somente com base no respeito estrito à soberania e à integridade territorial do país árabe".

Moscou defende o diálogo entre Damasco e os curdo-sírios para que o regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, assuma o controle do território assim que as tropas dos EUA o abandonarem.

A Turquia, por sua vez, está negociando com os Estados Unidos criar e controlar uma faixa de segurança de 32 quilômetros de extensão ao longo da fronteira turco-síria, expulsando dela as milícias curdo-sírias Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), aliadas dos EUA na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Ancara considera as YPG terroristas por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), a guerrilha curda da Turquia, e quer acabar com a administração autônoma que as milícias curdas estabeleceram no norte da Síria.

Já o líder iraniano assinalou que restam poucos territórios controlados pelos terroristas na Síria, mas que é preciso estabelecer a paz em Idlib e no nordeste do país.

"A presença de forças estrangeiras, entre elas as americanas, sem a autorização do governo da Síria deve ser encerrada o mais rápido possível", opinou o chefe do Poder Executivo iraniano.

Rohani afirmou que entende as preocupações da Turquia, mas ressaltou que estas inquietações podem ser resolvidas através da cooperação de Ancara com Damasco.

"Claro, é preciso levar em consideração a preocupação do governo da Turquia. Entendemos esta preocupação, mas, no entanto, consideramos que a cooperação com o governo legítimo da Síria e o posicionamento de forças sírias na fronteira internacional é o melhor caminho para eliminar essa preocupação", opinou Rohani.

De acordo com o líder iraniano, esta tarefa "deve ser cumprida conservando os direitos de todos os cidadãos que vivem na Síria, e também dos curdos, que estão vivendo há muitos anos neste território e são parte inalienável do povo sírio".

Erdogan, por sua vez, manifestou seu desejo de que a cúpula de Sochi permita que as partes encontrem pontos de consenso para seguir acabando com as forças destrutivas na Síria.

"Durante oito anos, os sírios tentaram sobreviver sob as bombas. Esperam boas notícias de nós sobre uma solução permanente", afirmou o presidente turco.

Primeira Edição © 2011