De Gaulle estava errado, ou somos uns irrresponsáveis?

05/02/2019 17:01

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Romero Vieira Belo

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Atribui-se a Charles De Gaulle a frase ‘o Brasil não é um país sério’. Se vivo fosse, o célebre general francês certamente estaria dizendo: “Eu estava certo, o Brasil não é um país sério”.

Ora – dirão os menos rigorosos – tragédias acontecem em toda parte, acidentes não são privilégios dos brasileiros. Verdade, mas, aqui, as tragédias são anunciadas, quase que programadas.

Essa de Brumadinho, na mesma Minas Gerais onde, há menos de três anos, rompeu-se a barragem de Mariana, é prova material de que as coisas aqui acontecem e se repetem por absoluta falta de compromisso com a segurança e com a vida das pessoas.

Existem culpados? Claro. Quem inspeciona as barragens, que avalia os riscos, quem assina os laudos de segurança? E, por trás, quem contrata os técnicos e engenheiros para fazê-lo? Esse tipo de tragédia só é acidental porque seria monstruoso se fosse resultado de uma ação intencional.

O saldo de vítimas fatais – e de pessoas desaparecidas – em Brumadinho supera o de Mariana (subsidiária da Vale). Os mortos, ao final da contagem trágica, devem ultrapassar uma centena – todos trabalhadores, funcionários da Vale S/A ou terceirizados.

O mais preocupante – num país, repita-se, onde o erro fatal se repete como ‘fatalidade programada’ – é saber que existem dezenas de outras barragens de rejeitos de mineração operando em condições que não diferem em nada dos cenários de Mariana e Brumadinho. E que, se o governo federal não adotar medidas preventivas sérias (punitivas e protetivas) outras tragédias acontecerão, com mais vítimas e danos ambientais.

Não pode ser visto como sério um país onde seus deputados, com interesses a resguardar junto às empresas de mineração, se omitem de votar medidas para evitar acidentes, mas, mesmo aqui – onde o sério é tratado com desídia – deve existir limite, um mínimo de limite, em se tratando de preservar vidas humanas e animais e, consequentemente, o nosso meio-ambiente.

 

ALERTA TARDIO

O Ministério Público do Trabalho demora a aparecer, mas, quando aparece, chega tarde demais. Quer saber o que o governo está fazendo para proteger o pessoal do Quartel Geral da PM.

 

NOTÍCIA VELHA

Ora, o assunto é velho. Desde o ano passado que o governo anunciou medidas para desocupar o QG e iniciar reformas. Obras, aliás, que deveriam ter sido executadas duas, três décadas atrás.

 

LIVROS DIDÁTICOS A PESO DE OURO

O governo Bolsonaro deveria jogar pesado com as editoras de livros didáticos para o ensino médio e fundamental. Veja: enquanto a inflação oficial de 2018 ficou em menos de 4%, o principal material escolar teve reajustes que variam de 10% a 20%. Qual a justificativa para esse tipo de descompasso?

 

SIMPLES ASSIM

É fácil saber se Flávio Bolsonaro fala a verdade. Ele diz que efetuou depósitos fatiados, de R$ 2 mil cada – porque esse é o limite nos caixas eletrônicos. Portanto, é só o Coaf apurar.

 

E ESSA CONTA?

Alguém pode depositar R$ 10 mil, de manhã, e sacá-lo à tarde, no mesmo dia. Repetindo a operação, ao cabo de um mês terá movimentado R$ 600 mil. Corrupção? Com apenas R$ 10 mil?

 

BOMFIM VÊ ESQUERDA BRASILEIRA SEM RUMO

Ausente das lides políticas, mas presente ao lançamento do livro Democracia Digital, do senador Renan, o ex-deputado Eduardo Bomfim vê a esquerda brasileira caminhando sem rumo. Verdade, mas não só a brasileira. No mundo inteiro, a esquerda passa por um momento de dispersão e encolhimento. No Brasil, o problema é outro: a esquerda nunca se entendeu e jamais se uniu. Basta ver como se conduziu na campanha presidencial do ano passado.

 

UM CONCILIADOR

Ao contrário do que muitos previam, o general Mourão tem agido com equilíbrio e espírito de conciliação. Além disso, no exercício ou não da Presidência, tem dado aulas de lealdade ao chefe.

 

SEM SENTIDO

Compreende-se a boa vontade do deputado Marx Beltrão, mas o problema do Pinheiro não justifica a abertura de CPI na Câmara.

Até porque o caso não envolve nenhuma esfera do setor público.

 

UNIVERSIDADE REQUER APENAS MERITOCRACIA

Em qualquer país desenvolvido, universidade funciona como instância de ensino seletiva. Aqui, a demagogia política fala em democratizar o ensino superior, quando, em verdade, trata-se de simples massificação. Quem tem bagagem para frequentar uma faculdade, não precisa de cotas para acessá-la. Simples lógica.

 

LIÇÃO DAS URNAS

Político com base eleitoral apenas em Maceió (sem pontos de apoio no interior) dificilmente se elege deputado estadual. Provou isso o desempenho do vereador Lobão nas urnas de outubro.

 

LIÇÃO DAS URNAS 2

Também vereador – e igualmente sem nenhuma base no interior – Eduardo Canuto se deu mal na tentativa de se eleger deputado federal. E de nada lhe valeu o apoio ostensivo de Rui Palmeira.

 

Primeira Edição © 2011