Macri acusa organizadas do River de planejar ataque a ônibus do Boca

26/11/2018 17:43

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EFE

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O presidente do Argentina, Mauricio Macri, acusou as torcidas organizadas do River Plate de orquestrar o ataque ao ônibus do Boca Juniors no caminho do Estádio Monumental de Núñez, onde as equipes decidiriam a Taça Libertadores.

Na sexta-feira, a Polícia da Argentina fez uma operação de busca e apreensão na casa de Héctor Godoy, um dos líderes da "barra brava" do River Plate. No local, os agentes encontraram 7 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 702,5 mil) e 300 ingressos para o jogo.

Godoy permaneceu preso por algumas horas, mas depois foi solto.

"Como vão tipificar essa contravenção e soltar esse senhor? É um dos principais suspeitos, junto com sua 'barra brava', de orquestrar essa agressão. Precisamos que todos trabalhem em conjunto para acabar com a violência", disse Macri em entrevista coletiva.

"Eu não posso aceitar como presidente que, para organizar um espetáculo esportivo, precisamos militarizar praticamente toda a cidade. É uma loucura, não é razoável", criticou Macri.

O presidente argentino também criticou a libertação de 20 pessoas presas no sábado nas imediações do Monumental de Núñez.

"Não são somente as pedras, não entendo como alguém pode pensar que cuspir está certo. Recebemos o presidente da Fifa (Gianni Infantino) em nosso país e me contaram que ele deve uma experiência espantosa do carro até o estádio. Como é que podemos pensar que cuspir está certo? O mesmo poderia ter acontecido em qualquer campo, não foi porque era o do River", afirmou o presidente argentino.

"O futebol é maravilhoso, mas não autoriza comportamentos selvagens", concluiu Macri, que presidiu o Boca entre 1995 e 2007.

A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, lembrou uma lei apresentada pelo governo para endurecer as penas contra aqueles que cometam atos violentos no ambiente do futebol. Para ela, se a legislação estivesse sido votada, os 300 torcedores organizados do River não estariam no jogo, mas sim na prisão.

Questionada sobre as declarações do motorista do ônibus do Boca, que afirmou que fez o trajeto habitual para o Monumental de Núñez, mas que desta vez os policiais não colocaram cercas para impedir que os torcedores do River se aproximassem do veículo, a ministra justificou as ações das forças de segurança.

"Os responsáveis são os que atiraram as pedras. Esses são os responsáveis, os que devem ir presos. Depois podemos ver detalhes da operação. O prefeito, o governador regional ou o policial que está aguentando a violência não são responsáveis. Tem a ver com os 300 ('barras bravas'), mas também com as condutas sociais de um jogo de futebol", ressaltou Bullrich na entrevista coletiva.

"Os responsáveis são os que atiraram as pedras", reafirmou.

O ministro de Justiça e Direitos Humanos, Germán Garavano, também participou da entrevista coletiva e sugeriu que o ataque foi uma "represália" dos "barras bravas" porque o governo está atacando as máfias que atuam dentro do futebol no país.

"Isso não se resolve da noite para o dia. Me parece que agora estamos avançando no sentido correto", ressaltou Garavano.

Os presidentes de River e Boca se reunirão amanhã, em Assunção, com o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, para definir como e quando será disputado o jogo de volta da decisão da Libertadores. Na partida de ida, em La Bombonera, as equipes empataram por 2 a 2.

O ataque ao ônibus do Boca fez a Conmebol adiar a partida para ontem. No entanto, após a insistência dos 'xeneizes' em não entrar em campo neste domingo, a entidade decidiu por um novo adiamento, alegando "desigualdades esportivas".

Caso o jogo seja mantido em Buenos Aires, é provável que só ocorra na próxima semana a pedido do governo do país, que receberá líderes do todo o mundo na cúpula do G20, que começa nesta sexta-feira e termina no sábado.

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