Defesa de Joesley desiste de ouvir Janot como testemunha no STF

12/11/2018 15:39

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Agência Brasil

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A defesa dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, desistiu hoje (12) do depoimento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, quando ele já se encontrava dentro da sala de audiências, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Janot falaria como testemunha no processo em que ele mesmo pede ao Supremo que anule o acordo de delação premiada firmado pelo Ministério Público Federal (MPF) com os irmãos Batista e outros dois executivos da empresa – Ricardo Saud e Francisco de Assis. O depoimento fora autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator do caso.

Aborrecido após deixar a sala de audiências, Janot disse que esperava ao menos a “cortesia” de ter sido comunicado sobre a desistência antes de precisar se deslocar ao Supremo. “Concordei aqui em estar há muito tempo”, lembrou. Ele sugeriu que ao fazê-lo expor-se publicamente ao ir ao STF, a defesa pode ter tentado constrangê-lo.

"Pode ser que, e não afirmo que isso aconteceu, era o interesse de constranger o então PGR que subscreveu a peça em que se postula a rescisão desse acordo", disse Janot.

O advogado Técio Lins e Silva, que representa Joesley Batista, negou qualquer intenção de constrangimento, e disse que a desistência se deu por questões de “conveniência”, e que exerceu uma “prerrogativa da defesa desistir da testemunha a qualquer momento”.

Em reunião nesta manhã (12), os demais advogados que trabalham no processo concordaram em desistir da oitiva de Janot. “Ouvimos testemunha de acordo com conveniência de sua defesa”, disse. “Não passou pela cabeça da defesa, em momento algum, constranger quem quer que fosse. Não faz sentido essa manifestação de constrangimento”.

Os advogados disseram que Janot já se manifestou no processo em mais de uma oportunidade desde que pediu a rescisão do acordo, em setembro de 2017, por isso não quiseram ouvi-lo novamente.

Quando pediu ao STF que homologasse a decisão de rescindir a delação dos executivos da J&F, Janot disse que eles agiram de má-fé e ocultaram em seus depoimentos a informação de que o então procurador da República Marcelo Miller os teriam orientado a como agir para obter um acordo de colaboração.

No acordo de colaboração assinado, o MPF se comprometeu a não processar criminalmente os irmãos Batista. A concessão do benefício máximo foi alvo de críticas desde quando o acordo foi divulgado.

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