Dois pontos cruciais - os maiores desafios

22/10/2018 18:49

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Romero Vieira Belo

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O futuro presidente da República terá desafios imensos pela frente. Começando pelo déficit orçamentário estimado em 130 bilhões de reais. Significa que as despesas previstas para o próximo ano ficarão muito acima da arrecadação. Simplificando: vai faltar dinheiro para educação, saúde, segurança e também para programas sociais como o Minha Casa Minha Vida.

O governo Temer fez o Congresso Nacional aprovar o teto de gastos – medida que impôs limite aos dispêndios do poder público, além do que já era previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal – mas o aperto não atenua o problema já existente do grave desequilíbrio fiscal produzido no governo de Dilma Rousseff.

Por conta do déficit orçamentário, milhares de obras físicas da União estão paralisadas, muitas delas incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento, a exemplo do Minha Casa Minha Vida. E isso não afeta apenas o público-alvo desses projetos sociais, mas também a geração de empregos, no momento em que o País contabiliza cerca de 13 milhões de desempregados.

O futuro presidente, portanto, não terá meios para materializar muitas das promessas feitas na campanha, vários projetos considerados prioritários, ainda que tenha vontade e disposição para tal. Mas dois setores terão de ser conduzidos com atenção concentrada, como uma síntese das prioridades: o econômico, que mexe com o bolso e a conta bancária de todos, e o da segurança pública, a grande obsessão de um País que registra 60 mil assassinatos por ano – números de uma autêntica guerra civil.

O futuro presidente precisará adotar medidas cirúrgicas e de alta eficácia, capazes de produzir efeitos no curto prazo. Medidas que melhorem o desempenho fiscal sem criar ou elevar impostos, que possibilitem ao governo voltar a investir em obras gerando empregos, e medidas que contenham e reduzam o avanço das trágicas estatísticas criminais que assolam o Brasil.

Os demais setores, considerada a crítica realidade nacional, são secundários, ainda que ingentes e, portanto, relevantes.

 

NOVO DIÁLOGO

Ao reunir jornalistas numa coletiva sobre segurança, logo após sua reeleição, Renan Filho abriu nova frente de diálogo para abordagem de um tema pra lá de crítico na maioria dos estados.

 

NÚMEROS POSITIVOS

A explicação reside em que o governador discute segurança apoiado em números muito favoráveis: Alagoas tem registrado queda na taxa de homicídios e de crimes contra o patrimônio.

 

ELEIÇÃO CONDUZ A UM NOVO SECRETARIADO

Renan Filho vai recompor o secretariado levando em conta as alianças feitas para sua reeleição. A expectativa é de que nomes como Ronaldo Lessa, Maurício Quintella, Cícero Almeida, Régis Cavalcante e Ronaldo Medeiros, que não obtiveram êxito nas urnas de 7 de outubro, sejam encaixados na equipe de governo. Lessa poderia continuar na Câmara, com a chamada de um federal.

 

UM RECOMEÇO?

Se tiver humildade, Cícero Almeida poderá tentar um reinício de carreira política na eleição de 2020. Sairia candidato a vereador, exatamente como o fez antes de se eleger prefeito de Maceió.

 

CAMPANHA MODESTA

Melhor prefeito de Maceió, depois de Dilton Simões e João Sampaio, Almeida fez uma campanha modesta e não teve como reconquistar o espaço que já ocupou na Assembleia Legislativa.

 

COM CIRO GOMES, TERIA SIDO BEM MAIS VIÁVEL

Falhou a visão política e falhou o cálculo eleitoral de Lula, ao insistir numa candidatura presidencial genuinamente petista. Pura teimosia. A disputa estaria noutro patamar se, em vez de marchar com o insosso Fernando Haddad, o PT tivesse apoiado Ciro Gomes, que fez um bom governo no Ceará e não tinha como ser vinculado à Lava-Jato, um dos trunfos da campanha do capitão Jair Bolsonaro contra qualquer nome oriundo do petismo.

MESMO MÉTODO

Em Bolsonaro, o PT encontrou um adversário difícil de ser batido por usar o método que, até a reeleição de Dilma, os petistas exploravam com desenvoltura: o vale tudo para ganhar a eleição.

 

GATINHO MANSO

Na atual campanha, incrível, o PT parece um gatinho manso e indefeso diante de um predador implacável. E acontece que o tom de vitimização não está conseguindo sensibilizar o eleitorado.

 

BIU NÃO DEVERÁ DISPUTAR PREFEITURA DE MACEIÓ

Na política, nada pode ser descartado, mas muito pouco provável que o senador Benedito de Lira se lance na aventura de disputar a Prefeitura de Maceió, na sucessão de Rui Palmeira. Seria muito mais consentâneo apoiar eventual candidatura de Marcelo Palmeira, seu enteado e atual vice-prefeito. Biu de Lira não se reelegeu e deixa o Senado Federal no início do próximo ano.

 

MEMÓRIA DE ONTEM

Na campanha para reeleger Dilma, em 20014, o alto comando petista avisou que estava disposto a ‘tudo’ para garantir a vitória, deixando claro que não aceitaria a derrota de forma alguma.

 

MEMÓRIA DE HOJE

Já agora, antes do primeiro turno, José Dirceu – o petista que ‘não se verga’ – disse para a imprensa o que só se ouve em regimes totalitários: “Falta pouco tempo para a gente tomar o poder”.

 

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