Bolsonaro x Haddad - a batalha final

15/10/2018 08:43

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Romero Vieira Belo

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Desfecho conhecido? Não. Como no futebol, eleição só termina com o apito final – das urnas. A vantagem de Bolsonaro (21 milhões de votos) é grande, enorme, mas ainda existe campanha e no trajeto até o dia 28 não existe vacina contra intercorrências.

Fernando Haddad tem vantagem no Nordeste e parte do Norte. O seu desafio será demonstrar, de forma convincente, que sua eleição será capaz de repetir os avanços – sobretudo no terreno social – que marcaram o governo do ex-presidente Lula. O forte do PT se localiza justamente entre os eleitores mais pobres e menos escolarizados, portanto, os que constituem a maioria da população. São os grandes beneficiários dos programas sociais que Lula criou ou reformou, a exemplo do Bolsa Família. Além do mais, Haddad é um candidato leve, sabe se comunicar e ganhou identidade própria no primeiro turno.

Jair Bolsonaro, que teria levado já no domingo passado se tivesse transferido para si pouco mais de dois por cento dos votos atribuídos aos demais candidatos, tem argumentos fortes para a batalha final. Deve, por exemplo, descredenciar toda promessa de Haddad com uma simples evocação: por que Lula não fez? Por que Dilma não fez? E por que o próprio candidato petista não fez, quando prefeito de São Paulo e como ministro da Educação?

Bolsonaro tem a vantagem de nunca ter sido governo, o que o deixa fora do alcance de críticas sobre gestão. O eleitor, que pode avaliar criticamente quase 14 anos de governo do PT, não pode fazer o mesmo com relação ao capitão reformado. E justamente por isso, as propostas e os planos de Bolsonaro tendem a ganhar mais força e credibilidade na avaliação do eleitorado.

Intercorrências, desvios de rumo, incidentes de campanha podem acontecer, mas qualquer observador – isento – dirá que o segundo turno está muito mais para Bolsonaro do que para Haddad. Ainda mais que, desde a redemocratização nos anos 80, nenhum candidato presidencial passou para o turno final em vantagem e foi derrotado. Não é certeza matemática, mas é ‘certeza’.

 

RENAN COTADO

Reeleito com mais de 621 mil votos, Renan Calheiros já tem o nome especulado para disputar a presidência do Senado. O alagoano já presidiu o Congresso Nacional quatro vezes.

 

SEM EXPLICAÇÃO

E as pesquisas, hein? Garantiam Dilma e Eduardo Suplicy em primeiro lugar para o Senado, em Minas e São Paulo. Os dois perderam. Dilma, pobre Dilma, deve estar sofrendo muito.

 

RF MANTÉM COMPROMISSO COM PT ATÉ O FIM

Renan Filho (assim como o senador Renan) cumpriu com total lealdade seu compromisso com o PT. Enquanto Lula manteve o nome como candidato, esteve com Lula. Quando Fernando Haddad assumiu a candidatura petista, fez campanha e pediu voto para Haddad. O governador mantém vivo seu apoio no segundo turno, indiferente à vantagem do capitão Bolsonaro.

 

 

CONCURSOS ANUAIS

Na comemoração da vitória, Renan Filho se voltou para a turma que luta para entrar no serviço público: a partir de agora, o governo vai realizar concurso todo ano em diversas áreas.

 

PRIORIDADES

O governador vai definir os setores que terão seleção pública, mas já antecipou que a prioridade será a segurança, a saúde e a educação. É uma revolução no mercado de trabalho alagoano.

 

MESTRE, TAMBÉM, COMO ANALISTA POLÍTICO

A eleição presidencial deste ano projetou o advogado Adriano Soares Costa como afiado analista político. Desde o início da campanha postou sucessivos textos mostrando, com visão analítica e impressionante acuidade, porque Bolsonaro ganharia a disputa. Mestre do Direito Eleitoral, com obras não raro citadas por ministros dos tribunais superiores incluindo o Supremo, Adriano Soares deu show como comentarista político.

 

PESO DA COLIGAÇÃO

O sistema proporcional derrotou Ronaldo Medeiros. O deputado do MDB teve 24 mil votos e perdeu para Sílvio Camelo, que ficou com 15 mil. Medeiros não suportou o peso da coligação.

 

ONDA COLLORIDA

O vereador Samir Malta queria ser deputado estadual. Trabalhou para isso. De repente, foi envolvido por Collor, ‘escanteado’, e ficou na saudade. Resta lutar para não perder o que tem em 2020.

 

SEM CARGOS, OS ‘NEUTROS’ APARECERAM

Com Bolsonaro exibindo uma montanha de votos à frente de Haddad, por que será que os dirigentes partidários preferiram ficar em cima do muro, assumindo a popular ‘neutralidade’? Simples: porque o candidato mais próximo da vitória avisou que não negociaria cargos com os partidos. Ou seja, a ‘neutralidade’ apenas trouxe à luz a turma acostumada ao oferecer apoio em troca de participação nos governos.

 

IDEIA SEPULTADA

O eleitor preservou o Cesmac de uma sandice: João Caldas, pai, prometeu defender uma lei para estadualizar a Fundação Jayme de Altavilla. Ainda bem, o povo sepultou a infeliz ideia nas urnas.

 

BOM QUADRO

Situação previsível, Renan Filho já adiantou que convidará Maurício Quintella para compor o novo governo. O deputado do PR foi o terceiro mais votado na batalha pelo Senado Federal.

Primeira Edição © 2011