Mostras de filmes do Circuito Penedo de Cinema terão tradução para Libras

Nesta Semana de Conscientização do Surdo, evento reafirma compromisso com a inclusão social

02/10/2018 17:11

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Assessoria de Comunicação - Ascom

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Thiago Santos de Oliveira é tradutor intérprete de Libras há 10 anos. Foto: Fernando Brandão  

 

Um evento que promove a inclusão social. Este é o Circuito Penedo de Cinema, que nesta Semana de Conscientização do Surdo, confirma a presença de tradutores-intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas mostras infantil e Velho Chico de Cinema Ambiental pelo quarto ano consecutivo.

A ideia surgiu em 2015 dentro do Festival de Cinema Universitário de Alagoas, que hoje integra o Circuito. Foi durante uma reunião da curadoria da mostra infantil que a professora de Libras da Unidade de Penedo da Universidade Federal de Alagoas, Joseane dos Santos, sugeriu a participação de tradutores-intérpretes no evento.

“Sempre trabalho numa perspectiva de inclusão social. O surdo precisa estar em todos os espaços, ele tem esse direito. Onde quer que eu esteja, tento transmitir essa mensagem de que nós temos que fazer a inclusão acontecer”, explica a professora.

A profissional conta ainda que vislumbrou a iniciativa ao ser convidada para compor a equipe de curadores da mostra. “Uma das coisas que pensei foi até que ponto essa mostra estava acessível para os sujeitos surdos que moram em Penedo. Foi diante desse questionamento que eu trouxe a proposta e foi imediatamente bem aceita pelos colegas da curadoria e também da produção”, recorda.

De acordo com o coordenador do evento, Sérgio Onofre, o trabalho de tradução dos filmes para a língua de sinais reforça a bandeira de democratização do acesso à produção cultural, defendida pelo Circuito. “A gente corre atrás de recursos para que possamos ter um evento mais inclusivo, mais amplo e democrático, que possibilite o acesso efetivo do produto cultural a absolutamente todas as pessoas”, destaca.

Intérpretes traduzem os filmes para o público surdo nas mostras

O trabalho dos tradutores-intérpretes da Língua Brasileira de Sinais no evento é simples: eles traduzem a narração e os diálogos presentes nos filmes das duas mostras. Para isso, os intérpretes têm acesso a cada filme com antecedência, de forma que possam estudar e avaliar a melhor maneira de tradução.

E para quem acredita que a Libras nada mais é do que a língua portuguesa em sinais está enganado. “Digo que são línguas totalmente diferentes. A Libras é oriunda da língua francesa de sinais, não vem da raiz do latim, como a língua portuguesa”, expõe Joseane dos Santos.

Embora existam filmes com legenda, são poucos os surdos que conseguem entender o conteúdo de cada produção. Isso ocorre porque o português é um segundo idioma para essas pessoas. “Colocar legenda nos filmes não é ser 100% acessível aos surdos. Não basta isso. Para ser acessível, tem que ser na língua deles, na primeira língua, que é a de sinais”, esclarece Joseane.

É a partir dessa realidade que o trabalho dos intérpretes torna-se fundamental ao público surdo das mostras. E a resposta, de acordo com a professora, sempre é positiva. “As pessoas diziam: ‘a gente assistia aos filmes, mas não entendia detalhes, porque não estavam disponíveis na nossa língua’. Com a inclusão social a comunidade surda se faz presente”, conclui.

Clique aqui e conheça mais sobre o trabalho de inclusão desenvolvido pelo Circuito.  

 

Primeira Edição © 2011