Pivô de escândalo do Nobel é julgado na Suécia por acusações de estupro

20/09/2018 16:30

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EFE

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Um tribunal de Estocolmo deu início nesta quarta-feira ao julgamento por estupro do artista francês Jean-Claude Arnault, protagonista de um escândalo sexual e principal pivô da crise histórica que abalou a Academia Sueca, a instituição que concede o Nobel de Literatura.

Arnault, marido da acadêmica e poetisa Katarina Frostenson, é acusado de ter abusado duas vezes da mesma mulher. Os episódios teriam ocorrido em 2011. No primeiro, ela afirma que ele a obrigou a praticar sexo oral e fazer sexo contra sua vontade. No segundo, dois meses depois, o artista teria a estuprado enquanto ela dormia.

O artista negou todas as acusações em declarações lidas por seu advogado no início do julgamento, que será realizado a portas fechadas a pedido da vítima, como é usual na Suécia em casos de estupro.

No julgamento, que deve terminar na próxima semana, testemunharão sete pessoas às quais a mulher relatou os fatos, entre eles um psiquiatra, embora não existam provas técnicas das acusações.

Os promotores haviam encerrado em março parte da investigação preliminar iniciada a partir das denúncias anônimas de várias mulheres a um jornal sueco. Elas afirmaram ter sido vítimas de abusos cometidos por uma "personalidade cultural" muito próxima à Academia Sueca. Posteriormente, Jean-Claude Arnault foi identificado como o autor.

A reportagem apontava que Arnault tinha cometido abusos sexuais contra várias mulheres em seu clube literário e em dependências da academia.

O "caso Arnault" suscitou um conflito interno que nos últimos meses provocou a renúncia de oito acadêmicos, embora só quatro a confirmaram por escrito.

Pressionada pela Fundação Nobel, a Academia Sueca realizou várias reformas, como uma mudança nos estatutos para possibilitar a renúncia real de seus membros e a escolha de novos. Além disso, a entidade recorreu a um grupo externo de especialistas em direito, resolução de conflitos, organização e comunicação.

A decisão mais controversa foi a de adiar o Nobel de Literatura, pela primeira vez em sete décadas e que representa que em 2019 serão outorgados dois prêmios, uma medida justificada pela falta de confiança e o enfraquecimento da instituição.

Primeira Edição © 2011